Luiz Pontes e Roberto Pessoa, principais representantes das duas 
maiores siglas adversárias no Estado, estão visivelmente incomodados com
 as informações, registradas neste espaço, no início deste mês, e não 
contestado pelos atores citados, Eunício e Camilo, sobre o entendimento 
para a participação do peemedebista na chapa senatorial do chefe do 
Executivo cearense, na companhia do ex-governador Cid Gomes, disputando a
 outra vaga no Senado pelo PDT. Reservadamente, Luiz e Roberto 
conversaram com o senador Tasso Jereissati na última quinta-feira. Na 
pauta estava o ultimato a Eunício, e a estratégia das oposições para 
2018, com ou sem o peemedebista.
	Para Roberto Pessoa, Eunício, Camilo e Roberto Cláudio estão 
compartilhando muito as mesas de almoços e jantares. Vão acabar 
"engordando demais". E como esse tipo de encontro tão frequente só 
acontece entre aliados, é preciso que o senador venha a público dizer 
"se está ou não conversando sobre aliança com eles".
	Bloco na rua
	A disposição dos dirigentes dos partidos de oposição é dar um prazo, 
até meados de outubro, quando estarão definidas todas as normas legais 
da próxima disputa eleitoral, para Eunício dizer se continua ou não no 
bloco organizado para os dois últimos pleitos, quando eles se 
organizaram para enfrentar os candidatos de Cid e Ciro Gomes.
	No entendimento de Pessoa, só os governistas, até pelas benesses sob 
suas ordens, atraente a todos quantos gostam de estar apegado ao Poder, 
têm o privilégio de empurrar com a barriga suas definições sobre o 
pleito seguinte. A oposição não. Esta, quanto mais adia sua posição em 
relação a candidatos e coligações "mais enfraquecida fica", posto 
reduzirem-se demasiadamente os espaços de negociações e convencimentos 
dos eleitores, mesmo sabendo, por outro lado, das dificuldades 
experimentadas pelas antecipações de candidaturas.
	Óbvio que o peemedebista não satisfará os interesses deles. Repisará o 
discurso de que só tratará de 2018 quando o próximo ano chegar. E que 
continuará ajudando o Ceará, através do governador e do prefeito da 
Capital, por ser sua obrigação como representante do Estado no Senado 
Federal. Um discurso cômodo, e também prudente, embora nada interessante
 para os oposicionistas que o têm como o nome mais forte para 
representá-los no embate eleitoral próximo.
	Contraponto
	Também têm razão os dirigentes partidários de cobrar uma definição de 
Eunício, agora, não apenas pelo fato de ele ter estimulado o grupo a se 
manter unido em torno de si, ao afirmar, a partir do resultado eleitoral
 de 2014, e na campanha municipal de 2016, ser candidato a governador em
 2018, com a mesma estrutura daquele momento, como pelo fato de aquelas 
agremiações não contarem com outros nomes à disposição para fazer o 
contraponto com Camilo. Uma postulação do senador Tasso Jereissati, o 
sonho de todos os oposicionistas e o temor dos governistas, por ele 
mesmo está descartada, segundo aliados mais próximos.
	Até o anúncio público da aliança do PMDB com os principais apoiadores 
de Camilo, o PDT e o PT, surgirão comentários das mais diversas 
espécies, confirmando e negando a sua existência. A especulação é 
próprio da política brasileira. Os principais protagonistas, por 
interesses variados, evitam confirmações públicas, mas agem de modo a 
que todos percebam o algo novo, tanto na mudança dos discursos como nas 
orientações aos liderados de se aproximarem dos futuros aliados.
	A declaração do ex-governador Cid Gomes, aqui registrada no último dia 
16, de ter o governador Camilo Santana a responsabilidade pelas alianças
 e outras providências com vistas à sua reeleição, podendo contar com 
todo o seu consentimento, foi uma das senhas para os governistas 
reticentes começarem a conviver com o novo momento.
	A política brasileira é feita à base das conveniências. A participação 
de Eunício na chapa majoritária de Camilo, satisfará aos interesses dos 
dois e de seus respectivos companheiros. Da parte do governador, por 
eliminar um forte adversário e deixar menor a oposição. Para o senador, a
 composição o deixa mais perto da reeleição, sem o esforço que teria de 
despender como oposição. Isso, se os correligionários não os forçasse a 
ser candidato a governador, levando-o ao sacrifício de ter que 
interromper a sua vida parlamentar.
	Reforma Política
	No próximo sábado, 7 de outubro, um ano antes do dia da votação, toda a
 legislação a ser obedecida no pleito de 2018, terá que estar vigorando.
 O Congresso Nacional, na próxima semana, ainda votará algumas 
proposições, entre elas a criação do Fundo para custear as despesas dos 
partidos e candidatos. A Câmara decidiu não votar o projeto aprovado 
pelo Senado, nesta semana, e vai deliberar sobre uma proposta nova do 
deputado Vicente Cândido, que, se aceita, ainda precisa receber o aprovo
 do Senado.
	Este, por sua vez, vai apreciar as alterações feitas na emenda 
constitucional tratando do fim das coligações partidárias. A emenda 
constitucional precisa ser promulgada até sábado, enquanto as outras 
mudanças precisam ser sancionadas pelo presidente Michel Temer. Enfim, 
de nada valeu toda a discussão travada ao longo dos últimos meses, pois 
as mudanças a serem introduzidas na legislação eleitoral, muito deixam a
 desejar.