Uma mulher foi condenada por fingir ser um homem por
mais de dois anos, numa trama “surpreendente”, para enganar uma amiga e
levá-la a fazer sexo com ela. Após um novo julgamento, no qual foi
condenada, ela chorou no banco dos réus, dizendo: “Não posso voltar para
a cadeia”.
Gayle Newland, de 27 anos, criou uma personagem
online “perturbadoramente complexa” para atingir a sua “estranha
satisfação sexual”.
Um júri da Manchester Crown Court considerou Gayle culpada por agressão sexual. Gayle usou uma prótese peniana sem o consentimento de sua vítima.
Ela chorou no banco dos réus, sacudindo a cabeça. Em
certo momento, chegou a dizer: “Não posso voltar para a cadeia”. Uma das
mulheres no júri estava visivelmente perturbada, lutando para conter as
lágrimas por causa da angústia de Newland.
Newland, de Willaston, Cheshire, foi presa em novembro de 2015, condenada a oito anos de cadeia após um júri da Chester Crown Court julgá-la pelas mesmas infrações.
Mas a condenação foi anulada no julgamento de apelação em dezembro do ano passado. Um novo julgamento foi feito sob a premissa de que o caso não foi justo e equilibrado.
A autora da denúncia disse que ela foi
persuadida pela acusada a usar uma venda nos olhos, em todos os momentos
do encontro entre as duas. Ela só descobriu que estava transando com
Newland quando removeu a venda.
Newland alegou que sua acusadora sempre soube
que ela estava fingindo ser Kye Fortune – um perfil do Facebook que ela
criou quando tinha 15 anos de idade, usando fotografias e vídeos de um
homem americano. Ela agia como se fosse Kye enquanto tinha problemas em
aceitar a própria sexualidade.
Ela disse que nenhuma venda foi usada enquanto as duas fizeram sexo, umas 10 vezes, no apartamento da vítima, em 2013.
A ré também disse ao tribunal que não usou ataduras nos seios ou outros artifícios que escondessem sua aparência e sexo.
A ré passou “centenas” de horas falando ao telefone com a amiga como Kye, e mais de 100 horas em sua companhia.
Nesses encontros, de acordo com a autora da
denúncia, ela era obrigada a usar uma venda, o tempo todo – incluindo
assistir televisão juntas, passear de carro e até tomar banhos de sol.
Simon Medland QC disse ao júri: “Essa mulher,
manipuladora, enganadora e muito astuta, fez tudo o que pôde para
controlar a vida da queixosa e obrigá-la a fazer o que ela quisesse”.
Os vereditos podem ser relatados após
consideradas as restrições impostas no início do novo
julgamento. Newland foi considerada culpada de três acusações de
agressão sexual e inocentada de uma quarta.
O júri, composto de nove mulheres e três homens, chegou a um veredito de 11-1 após deliberar por 17 horas e 25 minutos.
Danny Boyle