Desde que aceitou presidir o PT e ser candidato ao
Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva traçou um
roteiro de viagens pelo País. A previsão é de que no dia 19, por
exemplo, ele visite obras do projeto de transposição das águas do Rio
São Francisco.
A primeira parada deverá ser na Paraíba. O
PT se queixa de que o presidente Michel Temer tenta agora tirar
dividendos políticos de uma obra que começou no governo Lula e continuou
na gestão Dilma Rousseff.
Temer inaugurou, na sexta-feira,
o Eixo Leste da transposição, no município de Monteiro (PB). O
governador Geraldo Alckmin - um dos presidenciáveis do PSDB - também
visitou recentemente um trecho da obra, mas em Pernambuco.
Amanhã,
Lula desembarcará em Brasília. Será uma semana de encontros, discursos e
um depoimento à Justiça Federal. O petista participará do 12º Congresso
de Trabalhadores Rurais e, na terça-feira, prestará depoimento no
processo em que é acusado de obstruir as investigações da Lava Jato.
Disputa
As
correntes de esquerda que integram o grupo Muda PT tentarão nesta
semana demover Lula da ideia de comandar o partido. Seus discípulos
dizem, porém, que ele só aceitou presidir a legenda, a partir de junho,
para evitar uma disputa fratricida entre os que cobram um "acerto de
contas" desde o mensalão e os que pregam um inventário dos erros apenas
no papel.
Sob o argumento de que Lula deve se concentrar em
sua própria defesa e na campanha ao Palácio do Planalto, o Muda PT
defende Lindbergh Farias (RJ) no comando do partido. Nos bastidores,
integrantes do grupo afirmam que é um erro o ex-presidente dirigir o PT
porque colará todos os problemas dele na sigla, que já enfrenta uma
crise sem precedentes.
"A candidatura de Lula à presidência
do PT tem dois eixos centrais: impedir que o partido se fracione e
fazer a defesa dele", afirmou o prefeito de Araraquara, Edinho Silva,
que foi ministro da Comunicação Social no governo Dilma. "Com Lula, a
autocrítica e o balanço dos erros se dará de forma construtiva. Sem ele,
será destrutiva e o PT passará por um período de muita divisão e
enfraquecimento nas eleições de 2018."
Lula também vai
procurar líderes regionais do PMDB para discutir a campanha. Estão nessa
lista peemedebistas nada próximos a Temer, como o ex-presidente José
Sarney e o senador Roberto Requião (PR). "O PT só fará alianças com
antigolpistas. Mesmo assim, são as forças de esquerda que devem ter a
palavra final sobre o programa e as composições", disse o secretário de
Formação do PT, Carlos Árabe.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.