Depois
de quase dez horas detidos por autoridades venezuelanas, os jornalistas
Leandro Stoliar e Gilson Souza foram liberados pelo Serviço
Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), da Venezuela. Presa pela
organização ao lado dos ativistas venezuelanos José Urbina e María Jose
Túa, coordenadores do capítulo de Maracaibo da ONG Transparência
Venezuela, a equipe da Record TV enfim pode deixar a sede da Sebin em Maracaibo, informou a Agência Efe já na madrugada deste domingo (12).
A denúncia foi feita pela própria ONG Transparência Venezuela em um
comunicado oficial, que exige a libertação dos jornalistas. “A comissão
do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional os deteve e os
acompanhou até sua sede em Maracaibo para ter uma entrevista. Ao chegar,
tiraram seus telefones celulares. A Transparência Venezuela exige sua
libertação e rejeita essa detenção arbitrária por parte da Sebin.”
De acordo com informações da agência AFP, o Itamaraty foi
notificado pela própria emissora Record e não pelo governo venezuelano,
mas já está tomando medidas através da missão diplomática brasileira no
país. Além dos celulares, a equipe teve também seu material de gravação recolhido pelas autoridades.
Venezuela prende série de políticos anti-Maduro
Segundo a assessoria de imprensa da Record, os dois devem ser levados
ainda hoje á capital do país, Caracas, em um voo da polícia. De lá, a
dupla embarca de volta para o Brasil. Não há informações sobre o que
ocorreu durante a detenção, nem se os equipamentos dos profissionais
foram devolvidos.
Conforme publicado em nota oficial da Transparência Venezuela, o time
de jornalistas foi detido enquanto gravava uma reportagem nos arredores
da ponte Nigale sobre o Lago Maracaibo, uma obra iniciada em 2005 por
Hugo Chávez (morto em 2013) e que até hoje não foi concluída. A matéria
tem relação com as supostas propinas pagas pela Odebrecht em território
venezuelano.
Recentemente, a Odebrecht admitiu ter pago R$ 2,4 bilhões (US$ 788
milhões) em propina a funcionários do governo, representantes e partidos
políticos do Brasil e de outros 11 países, entre 2001 e 2016.
Em nota, a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel)
protestou contra a medida do governo venezuelano, à qual chamou de
“extrema”: “Tal decisão é abominável e digna apenas de regimes
ditatoriais que não aceitam o livre exercício da imprensa e temem a
verdade.”
“A Abratel exige a liberação imediata dos profissionais de imprensa
(…) detidos no pleno exercício legítimo de suas funções”, continuou a
associação.
Em comunicado oficial, a Record TV também protestou as prisões.
“A Record TV repudia esta atitude violenta e radical que
fere a liberdade de imprensa e exige a imediata liberação dos
profissionais e a devolução de todo o material apreendido. A RecordTV
acionou o governo brasileiro através do Itamaraty e da Embaixada do
Brasil na Venezuela para que todos os direitos e a segurança dos profissionais sejam garantidos.”