quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Manifestação deixa cidade de Acopiara sem energia por duas horas

A discussão de um Projeto de Lei encaminhado pelo prefeito deste município, Vilar Félix, sobre o parcelamento de dívidas com o Instituto de Previdência do Município resultou em tumulto, na noite desta segunda-feira (26), na Câmara Municipal. Cerca de mil manifestantes participaram do ato, que tinha por objetivo impedir a votação da matéria. Houve dano material no Legislativo e até corte no fornecimento de energia elétrica da cidade. O clima de tensão, verificado na noite anterior, diminuiu ontem, mas prevaleceu a polêmica. A bancada de situação afirma que a matéria foi votada, mas os vereadores de oposição dizem que a sessão extraordinária foi tumultuada e que não houve votação.

Divergência

Nos próximos dias a polêmica deve continuar e a decisão da Mesa Diretora deverá ser questionada judicialmente. O vereador de situação Lindomar Rodrigues (PDT) disse que, apesar de o sistema de som estar desligado, com o restabelecimento da energia elétrica, o projeto foi colocado em votação. "A ata foi assinada", frisou.

O vereador de oposição, Will Almeida, foi taxativo: "o presidente da Câmara insistiu numa sessão sem condições de realização, apesar do nosso apelo para cancelar. Ao nosso ver não houve votação da matéria". Almeida disse que vai aguardar decisão do presidente do Legislativo para ver que medidas legais podem ser adotadas. Outro vereador oposicionista, Vicente Júnior, também afirmou que não houve votação. "Iniciou uma sessão com atraso, desrespeitou o Regimento Interno da Câmara. O estopim para o tumulto foi insistir com a realização da sessão, pois o povo não aceitou e, no nosso entendimento, a manifestação pacífica é livre e legal", declarou.

Inquérito

Por meio de ofício, o presidente da Câmara Municipal de Acopiara, Jurdan Teixeira, solicitou ao delegado municipal de Polícia Civil a abertura de inquérito policial para investigar danos de instalações, equipamentos e tumulto verificado na sessão extraordinária do dia 26. A reportagem, ao longo do dia de ontem, tentou contato com o presidente do legislativo, mas os telefones celulares permaneceram desligados.

Segundo relato dos vereadores, manifestantes ficaram revoltados e desligaram energia da Câmara, cortaram fios do sistema de som e provocaram desligamento da energia elétrica na cidade por cerca de duas horas, além de jogarem ovos em alguns vereadores e querosene no chão.

O presidente do Legislativo, Jurdan Teixeira, solicitou reforço do 10º Batalhão de Polícia Militar de Iguatu, que deslocou equipes do Raio e da Força Tática de Apoio (FTA). O 10º Batalhão de Polícia Militar confirmou a ação de dois homens em uma motocicleta, que efetuaram disparos de arma de foto e danificaram um dos transformadores da subestação, causando corte no fornecimento de energia elétrica para toda a cidade por cerca de duas horas.

Repúdio

A Enel Distribuição Ceará, por nota, confirmou e repudiou o ato de vandalismo verificado na subestação de energia elétrica. Após a sessão, os vereadores tiveram que sair escoltados por policiais militares. No fim da tarde de ontem, o clima era de tranquilidade na cidade, mas a manifestação foi o principal assunto discutido entre os moradores.

O Projeto de Lei autoriza o Município a parcelar débitos de cerca de R$ 800 mil com o Instituto de Previdência referentes a contribuições devidas e não repassadas pelo Município por até 240 meses. O período de apuração é de julho a novembro deste ano. Os débitos de contribuições previdenciárias descontadas dos segurados ativos, aposentados e pensionistas serão parcelados em até 60 meses.

Diário Regional
Jornalista Honório Barbosa