Ganso terá que disputar posição com outros convocados para ter chance na Seleção (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press)
A convocação de Paulo Henrique Ganso cria a expectativa de
vê-lo em campo novamente de camisa amarela. Seu último jogo pela seleção
principal foi no dia 28 de fevereiro de 2012. Ele entrou no lugar de Ronaldinho
Gaúcho na vitória por 2 a 1 sobre a Bósnia. Não fez gols. Nem nesse nem em
nenhum de suas outras sete partidas.
Só que o esquema tático utilizado por Dunga neste momento
não favorece a presença do jogador do São Paulo.
O 4-1-4-1 tem um lateral-direito, outro esquerdo e dois
zagueiros. Um volante mais fixo à frente da linha defensiva.
Depois, dois
jogadores centralizados que se revezam no apoio ao ataque e numa postura mais
recuada, e dois abertos, habilidosos, que quebram defesas pelos lados, mas têm
a obrigação de acompanhar o lateral adversário que apoia.
Por fim, o
centroavante, que pode ser mais “paradão” ou ter maiores deslocamentos.
A especialidade de Ganso é ser o cérebro da equipe. O
segredo de sua boa fase no São Paulo, que o levou de volta à Seleção, segundo o
técnico argentino Edgardo Bauza, é ter liberdade. Com a posse de bola, o meia
se mexe por todo o campo para articular o setor ofensivo. Sem ela, precisa
ajudar na marcação, mas tem “licença” para não fazer parte de nenhuma das
linhas. É quem fica mais próximo do centroavante, jogador mais adiantado.
O São Paulo utilizou-se duas vezes em 2016 do 4-1-4-1 que,
desde o fim do ano passado, predomina na Seleção. Em ambas, Bauza deixou Ganso
no banco. Eram jogos especiais, é verdade. Ambos na altitude.
Em La Paz (3.600
metros), a equipe não podia perder do The Strongest para se classificar. Em
Toluca (2.600 metros), podia perder por até três gols de diferença que estaria
na próxima fase.
Mas a decisão de tirar seu principal jogador também tem a
ver com tática. Bauza queria rechear o meio-campo com atletas de outras
características, mais defensivas.
Ganso entrou na Bolívia, aberto na esquerda,
mas, ao ver que esse posicionamento era inviável, o técnico colocou Alan Kardec
naquele setor e deixou o camisa 10 como homem mais avançado.
Na seleção brasileira, Ganso certamente não será titular,
pelo menos no início, mas sua presença no banco de reservas levará Dunga e a
comissão técnica a sempre imaginarem uma alternativa diferente, de mudança de
ritmo de jogo.
O meia terá duas opções: no 4-1-4-1, se adaptar ao que faz
Renato Augusto, por exemplo. Por muitas vezes ele é o volante da equipe, recua
para receber a bola dos zagueiros e compõe com muita disciplina uma linha de
marcação que também conta com Elias, Philippe Coutinho e Willian.
No trecho final da vitória por 2 a 0 sobre o Panamá, Dunga
armou um 4-4-2 que tinha Lucas Lima e Gabriel à frente. Era como se fosse um
4-4-1-1. Assim, Ganso se encaixa muito bem. Livre de ter que compor uma das
linhas de marcação e perto do atacante, sendo o “primeiro 1”.
De qualquer forma, será nos treinos que Ganso terá maiores
oportunidades de provar a Dunga que, sim, além de sua genialidade, ele adquiriu
a mentalidade vencedora que o treinador tanto cobra para incluir jogadores,
mesmo os melhores, em suas convocações. Na equipe reserva, Ganso deve jogar na
posição de Elias. Centralizado ao lado de Lucas Lima, com Lucas Moura e Gabriel
abertos, e Hulk de centroavante.
Independentemente da posição, Ganso tem trunfos
técnicos para ganhar alguns minutos em campo. E, quem sabe, não sair mais da
lista de convocados.