As cerimônias do Hajj na Arábia Saudita foram mantidas nesta
sexta-feira (25), apesar da tragédia de quinta (24) na cidade de Meca,
com 717 peregrinos mortos após uma confusão, segundo a Defesa Civil
saudita.
O número de mortos, porém, ainda pode aumentar. Pelo menos 863 pessoas
ficaram feridas. Não há registro de vítimas brasileiras, afirmou o
Itamaraty em nota.
Depois de passar a noite em Mina, uma das cidades dormitórios situadas a
5 km de Meca, os peregrinos se sucediam em uma longa fila pela manhã
para cumprir com o ritual, que consiste em jogar pedras contra três
colunas que, segundo os muçulmanos, representam o demônio.
A multidão era menos compacta que na véspera, quando ocorreu a
confusão, na Rua 204 da cidade de Mina, localidade onde os peregrinos
permanecem hospedados por vários dias durante o clímax do Hajj e que
está situada a poucos quilômetros de Meca. A tragédia teria sido causada
pelo grande número de pessoas aglomeradas no local.
De acordo com uma fonte do Ministério da Saúde, a tragédia aconteceu
perto de uma das colunas quando várias pessoas que deixavam o local
ficaram diante de um grande grupo de peregrinos que desejava ter acesso à
mesma área.
O rei Salman recebeu os responsáveis pela organização do Hajj
(peregrinação). O monarca declarou que espera os resultados da
investigação e disse que ordenou "uma revisão do projeto" de organização
da peregrinação para que os fiéis "celebrem seus ritos em segurança".
Em uma primeira reação oficial, o ministro da Saúde, Khaled al Falih,
prometeu uma investigação "rápida e transparente" do acidente, atribuído
à falta de disciplina dos peregrinos.
Já o porta-voz do ministério do Interior, general Mansur Turki, disse
que "o forte calor e o cansaço dos peregrinos também influenciaram no
número elevado de vítimas".
A Rua 204 é uma das duas principais artérias que conduzem do acampamento em Mina para Jamarat, onde os peregrinos realizam o ritual de "apedrejamento do diabo", atirando pedras em três grandes pilares.
A segurança durante o Hajj é uma questão politicamente sensível para a
dinastia Al Saud, que controla a Arábia Saudita e se apresenta
internacionalmente como guardiã do Islã ortodoxo e responsável por seus
locais mais sagrados em Meca e Medina.
O governo gastou bilhões de dólares na modernização e expansão da
infraestrutura para o Hajj e em tecnologia de controle de multidão nos
últimos anos. O último grande incidente com mortes havia ocorrido em
2006, quando pelo menos 346 peregrinos morreram em um tumulto.
Confusão
A tragédia desta quinta ocorreu perto de uma das pilastras de apedrejamento, quando várias pessoas que deixavam o local se encontraram com um grande número de peregrinos que desejavam ter acesso.
Confusão
A tragédia desta quinta ocorreu perto de uma das pilastras de apedrejamento, quando várias pessoas que deixavam o local se encontraram com um grande número de peregrinos que desejavam ter acesso.
Os fiéis têm acesso à área das pilastras por túneis e vias elevadas e,
nos últimos anos, as autoridades realizaram obras importantes para
facilitar o deslocamento das pessoas e evitar acidentes como o desta
quinta.
Os esforços para melhorar a segurança em Jamarat incluíram a ampliação
dos três pilares e a construção de uma ponte de três níveis em torno
deles para aumentar a área e o número de pontos de entrada e saída para
os peregrinos que cumprem o ritual.
Vítimas
Segundo as autoridades, há vítimas de várias nacionalidades.
Até o momento, não foram divulgados os motivos que teriam provocado uma
correria em Mina, cidade que realizou nos últimos anos obras de
infraestruturas para facilitar o deslocamento dos peregrinos.
O Irã anunciou que pelo menos 90 cidadãos do país faleceram na tragédia e culpou as autoridades sauditas pelo tumulto.
"Por motivos desconhecidos, fecharam um acesso ao local, no qual os
fiéis cumprem o ritual de apedrejamento de Satã", acusou o diretor da
organização iraniana do Hajj, Said Ohadi.
"Foi isso que provocou esse trágico incidente", disse à televisão estatal iraniana.
O aiatolá iraniano Ali Khamenei afirmou que o governo saudita deve
aceitar sua "pesada responsabilidade" no acidente e também tomar as
medidas necessárias, baseadas na Justiça e no direito. Ele considerou
que "medidas inadequadas e uma má gestão" de Riad causaram a tragédia.
Outras tragédias
O último grande acidente durante o hajj aconteceu em 2006, quando pelo menos 346 peregrinos foram mortos enquanto participavam da cerimônia de apedrejamento do diabo.
Nesta quinta, primeiro dia da festa do Adha, os peregrinos iniciaram um
ritual de apedrejamento de satanás, no vale de Mina, região oeste da
Arábia Saudita.
O ritual consiste no ato de lançar sete pedras no primeiro dia do Eid
al-Adha contra uma grande pilastra que representa satanás, e 21 pedras
no dia seguinte contra três grandes pilastras (grande, média e pequena).
No dia 11 de setembro, quase duas semanas antes do início da peregrinação à Meca, uma grua desabou na Grande Mesquita e matou 109 pessoas.