Rio de Janeiro. Em um português com leve sotaque e estilo coloquial, o papa Francisco pediu ontem que jovens católicos do mundo evangelizem as nações, em seu primeiro discurso no Brasil. No País, como no restante da América Latina, a Igreja Católica vem perdendo fiéis há três décadas para os evangélicos e para o laicismo.
O papa preside de hoje a 28 de julho a Jornada Mundial da Juventude, que espera receber 2,5 milhões de pessoas. Esta é a primeira viagem internacional do argentino Jorge Mario Bergoglio desde que foi indicado o sucessor de Bento XVI, em março.
A fala de Francisco se sucedeu à da presidente Dilma Rousseff (PT) no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro, para exaltar a importância dos jovens, a quem chamou de "menina dos olhos". "Cristo bota fé nos jovens e confia-lhes o futuro e sua própria casa. E também os jovens botam fé em cristo", complementou o pontífice.
O papa também cobrou educação e meios materiais para que os jovens possam se desenvolver, e deixou claro que sua viagem ao País ganhará um forte caráter político.
A presidente Dilma reconheceu no papa "um líder religioso sensível aos anseios de nossos povos por justiça social, por oportunidade para todos e dignidade cidadã. Lutamos contra um inimigo comum, a desigualdade, em todas as suas formas".
No discurso, ele reforçou o estilo de recusa a ostentações ao dizer que não trazia ouro, nem prata, mas apenas Jesus Cristo. "Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo", disse, sob aplausos dos presentes à cerimônia. "Venho em Seu nome, para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração. Desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: a paz de Cristo esteja com vocês".
Tumulto
Na chegada, fez questão de entrar em contato com os fiéis. Durante o trajeto pelo Centro foi saudado por uma multidão, primeiro indo do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim à Catedral Metropolitana em um carro de passeio e, depois, deixando a igreja rumo ao III Comando Aéreo Regional (Comar) em um papamóvel aberto.
No III Comar, o papa embarcou em um helicóptero militar que o levou para o campo do Fluminense, ao lado do Palácio Guanabara, onde se reuniu com autoridades. O papa havia desembarcado há pouco mais de meia hora quando uma falha no esquema de segurança permitiu que fiéis se aproximassem do carro e conseguissem tocá-lo, para desespero dos seguranças.
Em vez de seguir pelo meio da Avenida Presidente Vargas, o comboio pegou a pista do canto. O automóvel onde o papa seguia, de vidros abertos, ficou preso entre os ônibus e centenas de fiéis. "Foi um erro de pista", disse o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência).
Carvalho disse que ainda não se sabe quem foi o responsável pelo erro, mas disse ter sido um "alívio" não ter ocorrido nada. Responsáveis pela segurança por parte da Polícia Federal afirmavam que o erro teria sido de batedores da Polícia Rodoviária Federal. A PRF afirmou que cumpriu o que foi determinado pela organização geral do evento.