segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

'Ficou preto de fumaça em minutos', diz paranaense sobre incêndio no RS


As paranaenses Michely Fant, de 30 anos, e Fraciele Mayara, de 23, estavam na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, incendiada na madrugada de domingo (27), e relataram os momentos de pânico pouco antes de conseguirem sair do local. De acordo com o Corpo de Bombeiros, pelo menos 231 pessoas morreram e mais de 130 ficaram feridas após o incêndio.

As jovens paranaenses moram em Toledo, no oeste do Paraná, e estavam na cidade gaúcha a passeio. As duas foram na festa com outros oito amigos e chegaram ao local por volta das 2h. Elas tiraram fotos antes do incêndio e gravaram vídeos com o celular minutos após as chamas se alastrarem (veja o vídeo).
Ainda segundo os bombeiros, o fogo começou após uma das bandas que se apresentava ter executado uma espécie de show pirotécnico com sinalizador. 

As faíscas atingiram a espuma do isolamento acústico no teto da boate e deu início ao fogo, que se espalhou em minutos. Em pânico, muitas pessoas não conseguiram acessar a saída de emergência e houve tumulto na saída principal do estabelecimento.

"Nós chegamos mais tarde e, por isso, ficamos no fundo da boate. Eu vi que eles iam cantar uma música e que pegaram o sinalizador. Quando eles levantaram o objeto, todo mundo estava dançando, tanto que ninguém olhou para o palco e acharam que o tumulto era por causa de uma briga. Em questão de dois minutos ficou tudo preto de fumaça.  E aí, eu não sei explicar, foi tudo muito rápido mesmo. Como eu estava em um área vip perto da saída, consegui sair a tempo e sobrevivi", relata Franciele.

Michely contou que foi pisoteada e que foi socorrida por um desconhecido. "Os seguranças seguraram o pessoal porque eles acharam que tinha dado briga, e tentaram acalmar todo mundo. Até eles verem que a fumaça começou a sair pra fora. Depois disso, eles mesmos começaram a puxar o pessoal para fora da boate e arrancaram uma grade de proteção da área de fumantes", explica Michely. 
"Durante esses minutos que eles começaram a segurar, foi onde as pessoas começaram a se apavorar e foram para os banheiros. Eu acho que desde o início, eles [os seguranças] já deveriam ter liberado as pessoas desde o início do tumulto", completa.

Em nota, a direção da boate classificou o ocorrido como uma "fatalidade". De acordo com o texto, a empresa está em "situação regular" e se coloca à disposição das autoridades. "A BOATE KISS, por sua direção, vem a público manifestar a todas as famílias das vítimas o seu maior sentimento de dor e de solidariedade em decorrência da lamentável tragédia, ocorrida nesta madrugada, nas suas dependências. A bem da verdade diante dos inúmeros boatos a respeito do ocorrido deseja esclarecer que a situação da empresa se encontra regular, contando com todos os equipamentos previsíveis e necessários  para o sistema de proteção e combate contra o incêndio, aprovado pelo Corpo de Bombeiros, adequado às necessidades da casa e de seus frequentadores", diz um trecho da nota.

Providências no Paraná

Em virtude da tragédia, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), anunciou no domingo que irá realizar uma reunião na Secretaria Municipal de Urbanismo nesta segunda-feira (28) para analisar e rever os procedimentos de concessão de alvará para casas noturnas.