Poder
dar um abraço, um beijo, um aperto de mão. Gestos simples típicos da
nossa cultura precisaram ser substituídos com o isolamento social. Essas
mudanças fazem a diferença entre a saúde e a contaminação pela
Covid-19.
Mesmo
quem já tomou a primeira dose precisa ter cuidado e evitar esses
contatos, respeitando a “janela de imunização”. O termo se refere ao
tempo necessário para que a vacina faça efeito no corpo. Para a maioria
dos imunizantes contra a Covid-19 disponíveis hoje no Brasil, essa
janela representa o tempo entre a primeira e a segunda dose da vacina,
mais 14 dias após a D2.
“Apesar
da primeira dose já dar um certo grau de proteção contra o vírus,
somente ela não é suficiente a ponto que possamos abandonar a segunda
dose em caso de imunizantes que precisam obrigatoriamente de reforço”,
afirma Matheus Mota, médico infectologista.
Essa
janela existe porque a vacina funciona como um treino para que o
sistema imunológico esteja preparado contra a doença. A vacina da
Covid-19 não é a primeira a precisar de doses de reforços. “Existem
algumas vacinas que precisam de duas ou três doses para completar o
esquema vacinal. A vacina da hepatite B, por exemplo, necessita de três
doses no adulto para completar o esquema”, afirma o médico.
Ainda
segundo o médico, a quantidade de doses necessárias para uma imunização
mais segura e completa é definida nos estudos iniciais, quando os
laboratórios fazem os testes da eficácia das vacinas.
“Para
imunizantes que precisam de duas doses, a pessoa precisa comparecer ao
local da vacinação para completar o ciclo. Se o imunizante precisa de
duas doses, a imunização só estará completa após a segunda dose. Não se
pode abandonar as medidas gerais de proteção em nenhum momento”, reforça
Matheus. “Especificamente no caso da Covid, é importante continuar com
as ações preventivas como uso de máscara, evitar aglomerações e tomar
cuidados com higienização de mãos.”
RESTRIÇÕES
Para
a psicóloga Byriane Ferreira, a privação do toque, tão forte na cultura
do brasileiro, é um dos grandes impactos na pandemia. “De uma hora para
outra fomos privados do gesto carinhoso tão típico da nossa cultura,
que é o abraço, o beijo, o contato físico. A suspensão contra a vontade
da pessoa gera um impacto, uma ansiedade forte, que na primeira
oportunidade que ela se sentir mais segura, esquece as regras de
prevenção e coloca ela e os outros em risco”, diz.
Ela
lembra que, por nunca termos passado por uma situação como essa por
tanto tempo, é natural que haja a vontade de quebrar as regras. “A
questão é que ainda não é o momento de relaxar e que é preciso, ainda,
que mantenhamos todos os cuidados”, completa.
A
psicóloga reforça que mesmo com o distanciamento social, manter os
contatos virtuais é um dos fatores que ajudam a minimizar os impactos
negativos da pandemia. “Também é importante manter uma rotina de
atividades físicas em segurança e com orientação médica e dedicar um
tempo para si, realizando atividades que tragam prazer”, encerra.