O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente o ex-juiz Sergio Moro por sua conduta enquanto atuava à frente da Operação Lava Jato
em Curitiba, que acabou condenando e prendendo Lula em abril de 2018
pelo caso do triplex do Guarujá. Segundo o petista, Moro teria “mentido o
tempo inteiro” e “segue mentindo até hoje”.
"Eu desafio o Moro. Até vocês poderiam propor um debate dele com a
acusação dele e eu a minha defesa. Quero provar que o Moro é mentiroso,
foi falso, mentiu o tempo inteiro. Era necessário, e ele confirma isso
depois que aceitou ser ministro. Ele excessivamente não aceita nenhum
argumento que aceitamos. Levei 83 testemunhas e não valeu absolutamente
nada (...) Quando Léo Pinheiro [ex-presidente da OAS] falou que ‘o Lula
sabia’ foi a senha para ele me condenar. Ele não foi juiz, foi cabo
eleitoral, mentiu e segue mentindo até hoje", declarou o ex-presidente
durante uma entrevista à rádio Gaúcha na tarde desta quinta-feira (9).
Além das críticas a Moro, Lula também falou sobre o trabalho do procurador da República Deltan Dallagnol,
coordenador da força-tarefa do Ministério Público. "O Moro é mentiroso e
o Dallagnol um moleque irresponsável. O Moro deveria ter sido exonerado
pela quantidade de mentira que ele colocou no processo. Eu não estou
inventando, eu tenho o processo. O Dallagnol deveria ter sido exonerado
porque passou duas horas me acusando sem provas", acrescentou o petista,
referindo-se à apresentação em PowerPoint usada para explicar a
denúncia contra Lula.
O ex-presidente aproveitou para afirmar que graças a ele e a ex-presidente Dilma Rousseff
(PT), sua sucessora, a Polícia Federal teve facilidade para atuar no
combate à corrupção a partir da Lava Jato, tendo em vista que nenhum dos
dois governantes jamais interferiu em suas ações enquanto presidentes.
“Se alguém fortaleceu essa instituição fui eu”, disse.
Lula ainda citou que quando era presidente a PF chegou a fazer buscas
na casa de seu irmão e que na época pensou em “chamar para conversar”,
mas não o fez “para não dizerem que o presidente estava defendendo seu
parente”.
"Transformaram a Lava Jato num partido político. Decidiram que era
preciso tirar o Lula da eleição de 2018 porque o Papa Francisco e todo
eleitor sabia que eu ganharia a eleição. Era preciso criar uma mentira",
continuou ele.
Eleições 2022
Quando questionado sobre a possibilidade de uma reeleição em 2022, o
presidente não quis descartar a possibilidade. “Não vou dizer que não
vou concorrer. Acho que tem gente nova que pode ser candidato. Mas eu,
embora 74 anos, estou me preparando para ter energia de 30, e às vezes,
eu falo que também tenho muita vontade de recuperar a democracia neste
país”, afirmou.
Lula está enquadrado na Lei Ficha Limpa atualmente, o que o impede de participar da disputa.