quarta-feira, 1 de abril de 2020

Testes rápidos podem ter até 75% de chance de erro


BRASÍLIA - O Ministério da Saúde detectou "limitações importantes" nos 500 mil testes rápidos doados pela mineradora Vale, fabricados na China, e pediu cautela a gestores do SUS ao aplicar o produto. 

A desconfiança do governo federal surgiu após análise de qualidade de um laboratório privado, feita a pedido da pasta, apontar 75% de chance de erro em resultados negativos para o novo coronavírus. O percentual de erro cai para 14% em exames positivos, ou seja, que apontam a infecção, mas mesmo assim o governo sugeriu que o produto seja aplicado apenas em pessoas que apresentam sintomas da covid-19 há ao menos 7 dias para evitar diagnóstico falso.
Desde o anúncio do uso dos testes rápidos, o Ministério da Saúde já determinava que o produto seria aplicado apenas em quem está na linha de frente do combate ao novo coronavírus, especialmente profissionais de saúde. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda o uso desse tipo de teste para toda a população. "O material adquirido de empresa chinesa para doação ao Ministério da Saúde apresentam limitações importantes", reconhece a pasta em nota enviada à reportagem. O ministério afirma ainda que está elaborando um documento com recomendações para uso do produto para que o resultado seja "coerente com o que o teste pode oferecer". 

Segundo integrantes do ministério e gestores do SUS, a baixa precisão para testes negativos foi frustrante, mas eles ainda serão úteis para fazer a triagem de profissionais de saúde que podem estar infectados. As limitações dos testes rápidos já foram apontadas por autoridades de outros países, como na Espanha.
"Este percentual baixo exames em negativos reais é o que justifica a cautela. 

O exame que é positivo, é positivo. 

O negativo, dependerá do momento da infecção", afirmou o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame. "A utilidade do teste é encurtar o tempo de isolamento de membro da equipe de saúde. Se alguém estiver sintomático, deverá ser isolado imediatamente. Passados de 7 a 9 dias, deverá fazer o teste rápido -- se positivo, completa o isolamento. Se negativo nesta fase, poderá retornar ao trabalho. Podemos ganhar de 5 a 7 dias", explicou Beltrame.

Evidência

Os dados sobre a precisão do teste foram enviadas pelo Ministério da Saúde a gestores do SUS, em nota obtida pelo Estado. "Resultados negativos não excluem a infecção. Resultados positivos não podem ser usados como evidência absoluta de SARS CoV 2. O resultado deve ser interpretado por um médico com auxílio dos dados clínicos e outros exames laboratoriais confirmatórios", orienta o governo federal.