SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Aliados de Jair Bolsonaro (PSL), durante
ato favorável ao candidato na avenida Paulista, em São Paulo, neste
domingo (30), tentaram convencer eleitores de candidatos de
centro-direita a optarem pelo militar para vencer o PT no primeiro
turno.
O evento foi uma resposta a manifestações contrárias ao candidato
promovidas por mulheres em todo o país no sábado (29), parte do
movimento #EleNão. Ainda no domingo, também houve movimento de apoio a
Bolsonaro em Brasília.
Em vídeo gravado no Rio e transmitido no ato, o militar fez referência ao movimento, dizendo "PT não, PT nunca".
Filho do candidato, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) compareceu para representar o pai.
"Aqui ninguém precisa de artista para pensar por nós", disse Eduardo,
motivado pelos vários globais que engrossaram o coro do movimento
contra o militar.
Ele também tentou desfazer a fama de machista do pai, mas acabou soltando frase polêmica que rapidamente viralizou na internet.
Ele disse que as mulheres de direita são mais bonitas que as de
esquerda. "[Elas] não mostram os peitos nas ruas e nem defecam nas ruas.
As mulheres de direita têm mais higiene", disse.
O discurso de Eduardo foi na linha de que, se as eleições não forem
fraudadas, o pai vencerá no primeiro turno "se a urna não for fraudada".
O deputado também fez críticas à imprensa e pediu aos eleitores para
votar de verde e amarelo. "Vai ser lindo. Vai ser como Trump nos Estados
Unidos", afirmou.
O vídeo transmitido de Jair Bolsonaro também batia na tecla de que
ganhará no primeiro turno. "É a última chance que nós temos de nos
afastarmos de vez dessa política que há 30 anos espolia o brasileiro",
disse."PT não, PT nunca mais", afirmou o militar, modificando o bordão
"ele não, ele nunca", contrário à sua eleição.
Um dos presentes no carro de som, o ruralista Nabhan Garcia desenhou
um cenário apocalíptico no caso de vitória petista. "Se o PT voltar não
teremos dinheiro nem para limpar a bunda", disse.
Os pronunciamentos também se voltaram a eleitores de Geraldo Alckmin
(PSDB), João Amoêdo (Novo) e Meirelles (MDB), afirmando que "não é hora
de marcar posição".
Major Olimpio, candidato ao Senado pelo PSL, afirmou que Bolsonaro está a "um Alckminzinho" de vencer no primeiro turno.
O homem que atuou como mestre de cerimônias no carro de som ainda
cobrou que João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB) manifestem apoio a
Bolsonaro. "Ou estão do lado do bem ou do mal. Ou vocês são Bolsonaro ou
são PT", disse. "Quem está aqui e vota em vocês é pelas pessoas que
vocês possam representar e não pelo partido de vocês", disse.
Vestido de verde e amarelo e debaixo de chuva, o público gritava "ele sim" e também xingava a Rede Globo.
Ex-eleitor do PT, o vigilante Antonio Novaes, 52, diz que se
arrependeu do voto em Dilma Rousseff nas ultimas eleições e resolveu
apostar em Jair Bolsonaro (PSL). "Ela não tinha condições, não sabia
formar uma frase", disse ele, morador de Perus, na periferia da capital.
Já empresário Márcio Moraes, 39, que pintou a bandeira do Brasil no
rosto, veio de Taboão da Serra (Grande SP). No caso dele, foi a economia
que pesou na hora de apoiar o capitão.
"Há quatro anos minha empresa está quase falida", diz Moraes, que
teve de fechar uma das três academias de sua propriedade. "Só de
Bolsonaro diminuir o tamanho do Estado, os gastos públicos e não fazer
aliança com partido corrupto vai melhorar muito".
Durante e após o fim do ato, houve algumas confusões entre
manifestantes a favor de Bolsonaro e outras pessoas. Em um dos casos,
uma repórter da Rádio Bandeirantes foi agredida com uma cabeçada, após
ser abordada por um apoiador de Bolsonaro. Além disso, a reportagem
presenciou um militante do Partido Novo sendo agredido, ao passar em
frente ao Masp.
Os manifestantes falaram em
"mais de 1 milhão de pessoas" presentes, número claramente
superestimado. A PM não fez cálculo da multidão.