Na reta final da primeira fase da corrida eleitoral, os
candidatos que ainda estão longe da disputa do segundo turno decidiram
partir para o ataque. E Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) que
lideram as pesquisas foram os alvos escolhidos pelos postulantes à
presidência da República.
Bolsonaro que teve alta do hospital Albert Einstein neste
fim de semana não compareceu. O candidato liberal foi esfaqueado durante
um ato de campanha em Juiz de Fora (MG) no início de setembro.
Mesmo ausente, Bolsonaro foi alvo de uma verdadeira
avalanche de críticas de seus adversários. Ao comentar a recente frase
de Bolsonaro de que ‘não iria aceitar outro resultado que não sua
eleição’, a candidata da Rede, Marina Silva bateu pesado e disse que
essa era uma postura típica de “quem costuma amarelar”. Já Ciro Gomes
lembrou que participou de um debate com uma sonda durante a semana.
Os ataques a Jair Bolsonaro foram intercalados com
alfinetadas em Fernando Haddad (PT). Favorito para disputar o segundo
turno contra o liberal, Haddad foi hostilizado até por Ciro Gomes que no
começo da campanha destilou um rosário de elogios ao petista, mas que
parece ter dado um ‘cavalo-de-pau ideológico’ na reta final da corrida
eleitoral.
Basicamente todos os candidatos fora da zona do segundo
turno buscaram modular o discurso em torno da suposta polarização que o
enfrentamento entre Haddad e Bolsonaro trariam em um eventual segundo
turno. O Yahoo Notícias faz uma breve avaliação da participação de cada
candidato no debate. Veja:
Alvaro Dias (Podemos) – Evitou ataques a
Jair Bolsonaro e seguiu com o discurso padrão de exaltação a operação
Lava Jato. Dias também focou ataques no PT com uma verdadeira saraivada
de figuras de linguagem. Quase não mencionou o bordão “abre o olho,
Brasil” que pontuou sua participação nos debates da fase inicial da
campanha.
Cabo Daciolo (Patriota) – Usou o debate
para consolidar sua imagem de ‘outsider’. Alternando exaltações
religiosas a um discurso de revolta contra o quadro político atual, ele
conseguiu ser um dos nomes mais comentados do debate nas redes sociais.
Também repetiu a ‘profecia’ de vencer no primeiro turno com 51% dos
votos. Mesmo que sua visão não se cumpra, Daciolo tem se tornado cada
vez mais conhecido nacionalmente.
Ciro Gomes (PDT) – Na reta final da
campanha, o candidato pedetista decidiu dobrar a aposta. Modulou o
discurso para a promessa de um futuro apocalíptico caso se confirme a
tendência de segundo turno entre Bolsonaro e Haddad. Ao
mesmo tempo atacou duramente Jair Bolsonaro e Fernando Haddad se
colocando o único capaz de derrotar os dois rivais em um eventual
segundo turno. Fez uma dobradinha eloquente com Marina Silva ao pregar
contra polarização política do país.
Fernando Haddad (PT) — Candidato que mais
cresceu nas pesquisas de intenção de voto na última semana, o petista
foi atacado tanto por rivais de direito como de esquerda no campo
ideológico. Teve atuação discreta e não buscou retrucar de forma brusca
nenhum dos ataques. Adotou o tempo todo a estratégia de não queimar
pontes com possíveis aliados no segundo turno.
Geraldo Alckmin (PSDB) – Com boa parte do
seu partido flertando com o apoio a Jair Bolsonaro, o candidato tucano
partiu para o ataque contra Bolsonaro e Fernando Haddad. Alckimin também
mesclou sua participação para fazer propostas sobre temas fundamentais
como saúde e emprego. Por fim, prometeu um verdadeiro pacote de bondades
que vai desde o aumento do salário mínimo para todos até um subsídio
para pagar o botijão de gás para famílias mais pobres.
Guilherme Boulos (PSol) – Desenvolto como
sempre, o candidato socialista fez defesa entusiasmada das
manifestações do movimento “#Elenão” que levou milhares de mulheres a se
manifestar contra Jair Bolsonaro em diversas cidades do Brasil do
mundo. Boulos também levou ao debate temas como violência contra pessoas
LGBT e o déficit de moradia nas grandes cidades brasileiras. Dispensou
dobradinhas com outros candidatos e manteve postura independente.
Henrique Meirelles (MDB) – O candidato do
MDB teve atuação bastante discreta. Repetiu o discurso em que exalta
sua atuação como presidente do Banco Central do governo Lula e voltou a
ressaltar a importância da confiança que o governo deve inspirar no
mercado financeiro para melhorar a economia do país.
Marina Silva (Rede)
– Com uma postura muito mais combativa do que de costume, Marina bateu
pesado no PT e em Jair Bolsonaro. Se colocou como uma alternativa capaz
de “unificar o país” e defendeu a extensão do Bolsa Família com a
inclusão do projeto “Renda Jovem” que visa dar a cada estudante uma
pequena poupança que pode ser resgatada ao fim do ensino médio.