O
juiz Sérgio Moro disse em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, nesta
segunda-feira, 26, que tem expectativa de que o precedente da execução
de pena em segundo grau judicial seja mantido.
Ele foi indagado sobre o
julgamento no próximo dia 4 do julgamento do pedido de habeas corpus
preventivo do ex-presidente Lula – o petista quer ter o direito de
esgotar todos os recursos até a última instância judicial para se livrar
da pena de 12 anos e um mês de prisão que recebeu na Operação Lava Jato
no processo do triplex do Guarujá.
“Espero que o Supremo tome a melhor decisão”, disse o juiz.
Participam da bancada do Roda Viva os jornalistas João Caminoto,
diretor de jornalismo do Grupo Estado; Sérgio Dávila, editor-executivo
do jornal Folha de S.Paulo; Daniela Pinheiro, diretora de redação da
revista Época; Ricardo Setti, jornalista e escritor; e Fernando Mitre,
diretor de jornalismo da Rede Bandeirantes.
O programa também conta com a participação do cartunista Paulo Caruso.
Moro lembrou que a autorização para prisão em segunda instância foi
estabelecida pelo Supremo em fevereiro de 2016, por iniciativa do então
ministro Teori Zavascki – morto em janeiro de 2017.
“Sem ele (Teori) não existiria a Operação Lava Jato.Ele foi o autor
desse precedente, a condenação por segunda instância se pode desde logo
executar a prisão. Se for esperar o último julgamento, na prática, pela
prodigalidade de recursos, seria a impunidade dos poderosos.”
Moro disse que o problema vai muito além da questão do ex presidente
Lula. O juiz destacou que, desde fevereiro de 2016, ele e sua
substituta, a juíza Gabriela Hardt, mandaram executar 114 ordens de
prisão, sendo 12 da Lava Jato e as outras relativas a operações
diversas, incluindo peculatos milionários e até traficantes e pedófilos.
Para Moro, se o Supremo recuar ‘passaria a mensagem no sentido vamos dar um passo atrás’.
Lembrou que ‘vários países’ estão acompanhando o Brasil ‘enfrentando seriamente a corrupção desenfreada’.
“Agora, de repente, damos um passo atrás”, alertou.
Moro sugeriu que os candidatos à Presidência sejam cobrados sobre o
que pensam dessa questão. “Temos um período de campanha presidencial.
Que se cobre dos candidatos a presidente qual é a posição deles, quais
propostas concretas eles têm.”