"O 7 a 1 é um fantasma que nos persegue". Quase quatro anos depois da
histórica eliminação para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo-2014,
o Brasil vai reencontrar a Alemanha pela primeira vez, nesta
terça-feira, às 15h45min, em amistoso com importância esportiva e
emocional.
O duelo em Berlim "tem uma grande importância psicológica, não é
preciso esconder. O 7 a 1 é um fantasma que nos persegue", admitiu o
técnico brasileiro Tite em entrevista publicada pela revista alemã
Kicker.
"A ferida continua aberta (...) este jogo de Berlim faz parte do
processo de cicatrização", acrescentou Tite antes de admitir que tem
"medo" do jogo.
"Não podemos nos deixar intimidar ou ceder ao pânico. Vai ser um jogo
complicado, sim, que vai nos exigir muito emocionalmente. Mas nossa
preparação busca isso", explicou o treinador, que assumiu o cargo em
junho de 2016.
Mais relaxado, o homólogo alemão Joachim Löw garantiu que aquele jogo
em Belo Horizonte marcou sua vida: "esse jogo vai ser tema de conversas
durante um século. Inclusive volto a ver os gols... Quando se vence 7 a 1
uma semifinal de Copa do Mundo contra o país anfitrião... Sim, fica na
memória".
"Mas não acho que eles tenham medo na terça-feira, acho que estarão extra motivados", acrescentou.
Jogo sério
Para os treinadores, que esperam levantar o troféu da Copa do Mundo no
dia 15 de julho, o jogo vai ser tudo menos amistoso. É o último teste
antes da lista final de 23 convocados para o Mundial. Para Tite, o
reencontro contra a Alemanha não é propício para testes e apenas uma
mudança vai ser feita em comparação a escalação da vitória por 3 a 0
sobre a Rússia.
Fernandinho deve ocupar a vaga de Douglas Costa, o que muda o esquema
de jogo: Coutinho passa a jogar pelo lado esquerdo do ataque, com
Willian pelo lado direito. Fernandinho, Paulinho e Casemiro vão formar
um trio defensivo pelo meio.
Thiago Silva pode ser titular, deixando o companheiro de Paris Saint-Germain Marquinhos no banco.
Um dos poucos remanescentes do grupo da Seleção na Copa do Mundo 2014
que vai entrar em campo, o lateral-direito Daniel Alves será o capitão
da equipe no duelo e insistiu que o momento é de "olhar para o
presente". "Esse é um clássico mundial e sempre tem uma certa
dificuldade", disse o jogador, em entrevista coletiva. "Quando você não
pode mudar o passado, temos de nos concentrar em mudar o presente e é
isso que viemos fazer aqui", afirmou.
Evolução
O lateral acredita que houve uma "evolução" da seleção brasileira desde
2014. "Ela é nítida desde que o professor assumiu", afirmou. Mas evitou
criticar o trabalho realizado por Luiz Felipe Scolari há quatro anos.
"Não vou colocar areia no trabalho dos outros", disse.
"O que houve é que tivemos ideias novas, o futebol evoluiu e nós evoluímos com ele", explicou o atleta.
Daniel Alves acredita que, hoje, ele é mais "maduro e experiente".
"Queria ter entrado para ajudar no 7 a 1. Mas na vida só tem uma opção:
continuar", completou o jogador.