quinta-feira, 1 de junho de 2017

Goleiro que esperou dez anos por uma chance para jogar no São Paulo vira ídolo no Paraná

Durante a maior parte de 2017, o torcedor do São Paulo sofreu com os goleiros do time. Sidão, Denis e Renan Ribeiro se revezaram no gol sem convencer. Ao mesmo tempo, a mais ou menos 400 quilômetros de São Paulo, um atleta do Tricolor era eleito o melhor goleiro do Campeonato Paranaense e se tornava ídolo do torcedor do Paraná – ele chegou a ficar dez jogos sem sofrer gols. O camisa 1 em questão é Léo, que chegou ao Morumbi com 14 anos de idade e subiu ao time principal antes de completar 17, em 2007. Nesta entrevista exclusiva concedida por telefone – da concentração do Paraná para o jogo contra o Atlético-MG -, Léo falou sobre os anos de espera, lembrou da única partida em que entrou em campo pelo Tricolor, comentou sobre a relação com Rogério Ceni e revelou se ainda sonha em ser titular do clube do coração. Seu contrato com o São Paulo termina em dezembro, quando também se encerra o período de empréstimo com o Paraná.

BLOG: Você passou quase dez anos no time principal do São Paulo e só disputou 15 minutos de um jogo. Por quê?
 
LÉO: É difícil explicar. Cheguei ao São Paulo com 14 anos de idade e já fazia parte do profissional pouco antes de completar 17. Estava no grupo que ganhou o penta e o hexa do Brasileirão. Pelo menos fiz parte da foto. Mas só entrei no último jogo do ano passado, contra o Santa Cruz, pelo Brasileirão.
Você sentiu que foi meio que uma homenagem?
 
Sim. O pessoal sabia que eu iria sair do São Paulo no fim do ano e acabei entrando com uns 30 minutos do segundo tempo. Mas não peguei uma bola. Só saí jogando com os pés.

Ficou alguma frustração ou decepção?
 
Nada. Vivi intensamente todos os minutos lá. Sou um cara muito bem resolvido em relação a isso.

Você conviveu com o Rogério Ceni de 2007 a 2015. Como era a relação entre vocês?
 
Tínhamos um convívio diário e aprendi bastante com ele. É, para mim, um espelho ao lado do Dida e do Marcos. O Rogério sempre me passou bastante da experiência dele e era possível aprender até vendo os treinos.

Nesses quase dez anos no profissional, você chegou a ter esperança de jogar em algum momento?
 
Sim, em vários momentos. No ano passado, por exemplo, existiu uma oportunidade muito clara no jogo contra o Toluca. O Denis havia sido expulso e o Renan estava se recuperando de contusão. Eu vinha de uma sequência de vários jogos no banco, mas preferiram colocar o Renan. Ele havia voltado a treinar naquela semana mesmo e já jogou.

Seu contrato com o São Paulo termina em dezembro e você está emprestado ao Paraná pelo mesmo período. O que pensa em fazer em 2018?
 
Eu já tinha sido emprestado pelo São Paulo ao Linense no Paulistão de 2014, mas não tive oportunidade lá. Então, é a primeira vez que tenho uma sequência e quero continuar jogando, independentemente do lugar que for.

Sonha em voltar ao São Paulo para enfim ter uma chance como titular?
 
Eu vim para o Paraná e esqueci tudo. Não tracei uma meta de voltar. O que eu posso dizer é que sempre vou mirar o ponto mais alto. O que for para melhorar, vou abraçar. Mas estou muito feliz aqui. Muito feliz mesmo. Tenho 26 anos e esperei minha vida toda por esse momento.

Quando chegou ao Paraná, você estava há muito tempo sem jogar uma partida oficial inteira. Como foi a estreia aí?
 
Meu último jogo inteiro havia sido em 2009, pela seleção brasileira de base, contra a França. Desde então, fiz alguns amistosos e jogos-treino. Mas consegui segurar a ansiedade e a estreia aqui foi boa. Cheguei na pré-temporada para disputar posição com o Marcão, que é um ídolo no Paraná. Ele acabou sentindo uma lesão muscular e comecei o Paranaense como titular. Deu certo, tanto que fui eleito o melhor goleiro do campeonato.

Já recebeu alguma proposta?
 
Só ouço bons comentários. E também não gosto de entrar nessa área, porque prefiro deixar esse assunto para meu empresário, o Fernando Barreto.
O Paraná enfrenta nesta quarta-feira o Atlético-MG pela Copa do Brasil depois de vencer em Curitiba por 3 a 2. Dá para eliminar um dos melhores elencos do país?
 
Temos chances, sim, de classificar. A gente sabe que aqui (em Belo Horizonte) vai ser muito difícil, porque eles estarão diante da torcida deles, mas nosso time tem qualidade. O negócio é tentar neutralizar todo o ataque, porque são vários jogadores de qualidade.
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