As ações de combate e controle de morcegos em Salvador foram
intensificadas nos últimos dias, quando foi registrado um aumento no
número de casos de ataques do mamífero a seres humanos. A Vigilância
Epidemiológica da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou hoje
(17) que somente o Hospital Couto Maia, no bairro de Monte Serrat, em
Salvador, registrou 40 atendimentos a pessoas feridas por morcegos,
desde março deste ano.
Segundo o técnico da Vigilância da Sesab, Edson Ribeiro, do total de
atendimentos, 36 eram de moradores da capital baiana e os outros quatro,
do interior do estado. O primeiro caso, no entanto, resultou na morte
do paciente, que foi atacado por um morcego na Zona Rural do município
de Paramirim, Sudoeste da Bahia, e só procurou atendimento depois que os
sintomas estavam muito fortes e não puderam mais ser tratados. O caso
assustou a população baiana, que tem procurado as unidades de saúde para
fazer a profilaxia.
"A recomendação é que jamais deixem de procurar atendimento médico
assim que mordidos pelo animal, isso é muito importante. Além disso,
recomendamos aos moradores dos bairros com maior incidência que
mantenham janelas e portas fechadas e vacinem os animais domésticos,
para evitar a proliferação da raiva silvestre", orienta o técnico.
Ribeiro explica que, na capital, os casos foram registrados em bairros
distintos, mas somente na Rua dos Ossos, bairro de Santo Antônio Além do
Carmo, onze pessoas foram mordidas pelo morcego hematófago (que se
alimenta de sangue de animais vertebrados). A Secretaria Municipal de
Saúde, no entanto, informa que foram identificadas 17 pessoas mordidas
pelo mamífero, no bairro.
Casarões antigos abandonados
Como a região fica no Centro Histórico de Salvador, o técnico da
vigilância epidemiológica afirma que dentre as principais causas para o
aumento no número de ocorrências, pode ter sido a quantidade de casarões
antigos abandonados.
"Ainda não sabemos o que pode ter causado esse aumento de casos em
Salvador, mas pode ser que tenha havido um desequilíbrio ambiental. Além
disso, os casarões servem de abrigos e estamos em busca desses
esconderijos dos morcegos. Como não tem animais para eles se
alimentarem, acabam recorrendo aos humanos, que vêm recebendo esses
ataques com mais frequência", sugere Edson Ribeiro.
A Secretaria Municipal de Saúde também informou que essa é a principal
hipótese, já que os casarões são escuros, silenciosos e sem
movimentação. Como a região não tem animais de grande porte, como
cavalos e bois, os morcegos atacam cães e humanos.
O bairro de Santo Antônio vem sendo o alvo de ações do Centro de
Controle de Zoonozes de Salvador (CCZ), que promove uma força-tarefa com
visitas domiciliares para reforçar a vacina antirrábica de cães e gatos
domésticos. Além disso, buscas ativas vêm sendo feitas, para
identificar pessoas que foram mordidas pelo morcego e não procuraram
atendimento médico.
Ainda de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, os morcegos
costumam sair do habitat durante a noite, à procura de alimentação. As
vítimas são pessoas idosas e crianças, atacadas principalmente nas
extremidades do corpo, como pé, mão e pontos da cabeça.
Caso seja mordida por um morcego, a pessoa deve lavar o local do
ferimento, imediatamente, com água e sabão e procurar uma unidade de
saúde para receber aplicação da vacina antirrábica. Além disso, não se
recomenda que tentem matar ou capturar o animal, que contribui para o
equilíbrio ambiental e a cadeia alimentar.