Um morador de São Vicente, no litoral de São Paulo, enfrentou, acordado
e tocando violão, uma delicada cirurgia no cérebro. O que mais espantou
os médicos, porém, foi o curioso formato do tumor removido da cabeça de
Rolden Batista, de 40 anos. Para surpresa de todos, Batista estava com
um 'coração' perfeito dentro da cabeça.
O consultor de telecomunicações descobriu que precisaria
fazer uma cirurgia no fim de janeiro. Depois de sofrer dois ataques
epiléticos, ele foi internado e, só assim, soube que tinha uma doença.
“Estava em casa e levantei a noite para ir ao banheiro. Quando voltava,
travei em pé e a minha filha viu. Minha esposa me levou ao hospital e,
depois de alguns exames, soube que tinha um tumor no cérebro”, conta.
Rolden tocou violão e ficou acordado durante cirurgia (Foto: Rosa Santos/A Tribuna)
No
hospital, Rolden passou por exames, mas chegou a ter outras convulsões
enquanto aguardava novas visitas médicas. "Foi algo muito feio. Me
lembro de tudo. Lembro que eu fazia muita força para o lado e a minha
língua embolou. Eu tinha consciência, mas não conseguia fazer nada. Era
algo desesperador naquele momento", completa.
Para espanto e curiosidade de Rolden e dos médicos, os vários exames
feitos pelo consultor mostraram que o tumor tinha o formato de um
coração. A constatação serviu como uma espécie de sinal para que o
paciente acreditasse que seria curado.
"Me pareceu um sinal bom em meia a tanta preocupação e angústia naquele
momento. Deu um alívio para mim e para a minha família. Graças a Deus
que ele foi tirado por inteiro da minha cabeça", diz.
Rolden conta que, após a constatação da existência do tumor, os médicos
lhe apresentaram duas opções de cirurgia e, neste momento, a ideia de
tocar violão surgiu.
“Eles me falaram que eu poderia ser operado totalmente sedado ou
acordando durante a cirurgia. A segunda opção tinha mais chances de dar
certo e preferimos essa. Com isso, o médico teve a ideia de que eu
tocasse violão no meio da cirurgia”, explica.
Segundo o técnico de comunicações, o médico gostou tanto da ideia que,
inclusive, levou o próprio violão para que Rolden tocasse e cantasse
durante a cirurgia. "Eu não tenho violão. Ele, então, levou o dele.
Durante a cirurgia, era como se estivesse com a cabeça fechada. Apenas
em alguns momentos a minha língua enrolava por conta dos estímulos que
eles faziam. Foi algo bacana e diferente", relata.
O fato surpreendeu a todos. Durante a cirurgia, além de tocar violão,
Rolden falou com a esposa pelo telefone celular, um dos procedimentos
básicos para testar os sentidos e respostas do consultor de
telecomunicações. Ele afirma que ela ficou surpresa e não entendeu muito
bem como aquilo seria possível.
A cirurgia de Rolden ocorreu no fim do mês de janeiro. Agora, após
receber alta hospitalar, ele se recupera em casa e, aos poucos, vai
retomando a rotina da vida e aguardando o resultado dos exames para
saber se precisará passar por outros tratamentos.
“O sentimento é de satisfação. Como se eu fosse um guerreiro. Foi tudo
muito rápido e, saber que eu consegui passar por tudo isso, me dá um
alívio. Sinceramente, não sabia que teria essa força toda. Tive muita fé
e apoio da minha família”, finaliza.