Nas mais de duas horas de futebol nesta quarta (2), não faltaram
discussões, carrinhos, divididas, cantos da torcida, bandeiras, gols.
Pulsação, em uma palavra.
Do jogo que aconteceu no Allianz Parque, saiu a definição exata das
ambições em 2016 de cada uma das equipes envolvidas na final da Copa do
Brasil. E em pouco mais de 10 minutos, nos detalhes, tudo se resolveu.
E aquele que estava a um degrau de se tornar ídolo de seu clube alcançou a consagração definitiva.
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O goleiro Fernando Prass, 37, herói da classificação palmeirense à
decisão com defesas impressionantes contra o Fluminense, foi
protagonista na primeira final da Copa do Brasil decidida em cobranças de pênaltis na história e garantiu o 3º título do torneio da história de seu clube.
As outras conquistas vieram em 1998 e 2012. Com a taça, o Palmeiras se mantém como o maior vencedor de títulos nacionais, com 11 (logo atrás vem justamente o Santos, com nove).
"O Palmeiras é o time da virada", berrava a torcida palmeirense antes do jogo.
Na primeira final que recebeu desde que foi inaugurado, o moderno
estádio provou que pode vibrar como o antigo Palestra Itália. O barulho
dos torcedores extrapolava os decibéis das centenas de fogos de
artifício que explodiam nas ruas adjacentes ao estádio desde o começo do
dia da decisão.
Em casa, empurrado pelas arquibancadas, o Palmeiras conseguiu deixar de
ser o time que em novembro inteiro, quando acumulou derrotas e empates
no Brasileiro, parecia ter esquecido como jogar futebol.
Aos 10 segundos de jogo, Gabriel Jesus recebeu grande passe de Barrios
e, cara a cara com o goleiro, bateu fraco. Vanderlei desviou a bola.
Acuados, os garotos do Santos não conseguiram mostrar a velocidade
frenética e a troca de passes dinâmica de seus melhores momentos.
Enquanto Gabriel perdia-se em discussões com adversários, Lucas Lima e
Ricardo Oliveira pouco faziam.
No Palmeiras, o centroavante Barrios mostrou oportunismo, mas suas finalizações esbarraram em boas defesas do goleiro rival.
No segundo tempo, a toada parecia a mesma do primeiro. No entanto, aos
11 minutos, a equipe reeditou seus melhores momentos no ano. Barrios
atuou como pivô com maestria e deixou a bola com Robinho, que rolou para
Dudu só tocar para as redes.
O atacante de 1,67 m se credenciaria a herói ao dar ao Palmeiras a
vantagem que ele precisava para ficar com a taça. Aos 39 minutos do
segundo tempo, após cobrança de falta de Robinho, ele fez o tento que
parecia fechar a noite.
Mas dois minutos depois, Ricardo Oliveira marcou e levou o jogo para os pênaltis.
O enredo parecia traçado: o goleiro que foi líder da equipe na Série B,
que quase foi rebaixado em 2014, e que garantiu o time na final, era
sério candidato a herói.
Mas Prass, 1,91 m, reservou uma surpresa que nem o último grande ídolo
alviverde, o goleiro Marcos, foi capaz. Além de defender cobrança do
Santos, apareceu como o último batedor da equipe.
Dos pés de Prass saiu o primeiro título do Palmeiras em sua nova casa.