Dentro de campo, Brasil e Argentina ainda estão devendo uma apresentação digna de quem quer ser campeã do mundo. Mas, no que depender da confiança de cada uma das torcidas, a final da Copa será decidida num duelo entre as duas rivais. Juntos, brasileiros e argentinos compraram a metade dos ingressos para a final, que ocorre no próximo dia 13, no Maracanã, segundo dados da Fifa divulgados pelo Ministério do Turismo. Do lado brasileiro, o enfrentamento não é nada bem-vindo. Secar a seleção argentina para que ela não chegue à final tem quase a mesma atenção que torcer para o Brasil ficar com a taça.
— A Argentina vencer uma Copa no Brasil seria a pior coisa que pode nos acontecer. Muito mais horrível que o Maracanazo. Melhor torcer para que fiquem pelo caminho, assim não corremos esse risco — argumenta o analista de sistemas João Freitas, que tirou férias no período da Copa para assistir jogos.
A torcida argentina, no entanto, não enxerga um confronto melhor para a decisão. Apesar de reconhecerem que a seleção de Messi e companhia ainda está devendo uma grande apresentação, não têm dúvidas de que, diante do Brasil, vão se agigantar.
— Queremos uma final com o Brasil. As duas seleções não têm jogado muito bem, mas não poderia ter um encontro melhor. E, com Messi, não vai ter para ninguém — dá o recado Alberto Teplitzky, que viajou com um grupo de amigos de Santa Fé, no centro-leste Argentino, para acompanhar a seleção no Brasil.
O hermano Henrique Abraam torce pelo enfrentamento porque quer que a taça fique com um sul-americano. Ele disse que não há motivos para temer o Brasil, principalmente por conta do chororô dos jogadores brasileiros nos jogos.
— Não há do que termos medo. E eu nunca vi jogador de futebol chorar no hino, chorar antes de pênaltis. Imagina diante de nós — ironiza Abraam.
Um grupo de brasileiros que se preparava para jogar futevôlei nas areias de Copacabana ouviu a declaração do argentino. Um dos integrantes rebateu:
— Deixe eles 'zuarem' agora. Quero ver passar pela Bélgica com esse futebolzinho que estão mostrando. Vão ter de voltar pra casa mais cedo. Vamos secar muito —brincou Felipe Vergueiro.
A vontade de ver os argentinos irem embora é tamanha que os brasileiros preferem pegar a Holanda, que tem um dos ataques mais poderosos da Copa, além de ser considerada uma das favoritas ao título.
— Como não estamos mostrando muito potencial, melhor não arriscar. Perder para os argentinos numa final no Brasil seria uma catástrofe — reconhece o atendente de um quiosque próximo ao Posto 2.
Do total de ingressos vendidos para a final, brasileiros ficaram com 48% deles. Os 52% restantes foram comprados por estrangeiros. Argentinos (8,7%), a maioria, seguidos dos alemães (8,1%), espanhóis (5,6%), ingleses ( 5,3%) e americanos (4,5%).