Foto Helene Santos/SVM |
Cinco
dias após o presidente Jair Bolsonaro anunciar o fim de bandeira de
escassez hídrica na conta de luz e a entrada em vigor da bandeira verde a
partir de 16 de abril, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
informou que ela deve vir pra ficar. Novas mudanças não são esperadas
até o fim de ano. Isso significa que provavelmente as tarifas não
voltarão a sofrer acréscimos em 2022.
“Essa
é a expectativa”, disse nesta segunda-feira (11), Luiz Carlos Ciocchi,
diretor-geral do ONS. A entidade é responsável por coordenar e controlar
as operações de geração e transmissão de energia elétrica do Sistema
Interligado Nacional (SIN).
O
sistema de bandeiras tarifárias é o que define o real custo da energia.
Quando as condições de geração de energia não são favoráveis, é preciso
acionar as usinas termelétricas, elevando os custos. Assim, cobranças
adicionais têm por objetivo cobrir a diferença e também funcionam para
frear o consumo.
Quando
vigora a bandeira verde, não há acréscimos na conta de luz. Já na
bandeira amarela, o consumidor paga um adicional de R$ 0,01874 para cada
quilowatt-hora (kWh). A bandeira vermelha é dividida: no patamar 1, o
acréscimo é de R$ 0,03971 e no patamar 2 é de R$ 0,09492.
No
ano passado, foi criada a bandeira de escassez hídrica, que fixa um
acréscimo de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos. Ela estava vigente há
sete meses, desde setembro. Segundo o governo federal, a medida era
necessária para compensar os custos da geração de energia, que ficaram
mais caros em consequência do período seco em 2021, apontado como o pior
em 91 anos.
Ciocchi
afirmou que, com o volume de chuvas registrado desde o fim do ano
passado, a atual situação dos reservatórios das usinas hidrelétricas
permitirá ao país atravessar o restante do ano de forma mais tranquila e
segura do que em 2021. “Sudeste e Centro-Oeste terminam o período de
chuvas no melhor nível desde 2012”, observou.
Segundo
o diretor-geral da ONS, a geração térmica deverá se limitar às usinas
inflexíveis, que são aquelas que não podem parar e que possuem uma
capacidade em torno de 4 mil MW (megawatts). Nos piores momentos da
crise hídrica de 2021, as térmicas respondiam por mais de 20 mil MW.
Atualmente,
as hidrelétricas são responsáveis por cerca de 65% da geração de
energia no país. A matriz brasileira vem sendo modificada nos últimos
anos com o crescimento de novas fontes renováveis, como eólica, que já
representa aproximadamente 9% do total.
Apesar
da recuperação das usinas hidrelétricas, Ciocchi considera ter sido
acertada a decisão do governo de contratar térmicas emergenciais no ano
passado. Elas deverão garantir, até dezembro de 2025, a reserva de
energia que era considerada necessária para uma recuperação de longo
prazo. “Na hora que tomamos a decisão, existia uma incerteza muito
grande. Tínhamos duas escolhas: o arrependimento de contratar e o
arrependimento de não contratar”, pontuou.