Apesar
de ter apresentado relativa melhora no quadro pandêmico, o Ceará dispõe
de 176 municípios com risco de transmissão ‘altíssimo’ - nível 4 - para
a Covid-19, o que equivale a 95,65% do total. Os dados correspondem às
semanas epidemiológicas 20 e 21, entre 16 a 29 de maio de 2021, conforme
o IntegraSUS, portal de transparência da Secretaria da Saúde (Sesa).
Os
números apontam redução se comparados às semanas anteriores. Entre o
período epidemiológico 19 a 20 - de 9 a 22 de maio -, a região contava
com 180 cidades classificadas com alerta máximo para a doença. Já entre o
ciclo 18 e 19 - de 2 a 15 de maio - o montante chegava a 182
localidades.
Atualmente,
os municípios de Fortaleza, Itatira, Jaguaretama, Cariús, Granjeiro,
Brejo Santo, Acaraú e Tianguá estão classificadas no alerta ‘alto’. Além
disso, o Estado conta com uma incidência diária decrescente de casos
(449,1) a cada 100 mil habitantes. No entanto, o percentual de
positividade de testes RT-PCR para diagnóstico da Sars-Cov-2 tem
apresentado uma tendência crescente, com índice de 43,4%.
Conheça as classificações de risco
Altíssimo
ou nível 4: Taxa de ocupação dos leitos maior que 95%; taxa de
letalidade maior que 3%; percentual de positividade de testes para
diagnóstico de Covid-19 maior que 75%.
Alto
ou nível 3: Taxa de ocupação dos leitos entre 80,1% e 95%; taxa de
letalidade entre 2% e 3%; percentual de positividade de testes para
diagnóstico de Covid-19 entre 50% e 75%.
Moderado
ou nível 2: Taxa de ocupação dos leitos entre 70% e 80%; taxa de
letalidade entre 1% e 2%; percentual de positividade de testes para
diagnóstico de Covid-19 entre 25% e 49,9%.
Novo
Normal ou nível 1: Taxa de ocupação dos leitos menor que 70%; taxa de
letalidade menor que 1%; percentual de positividade de testes para
diagnóstico de Covid-19 menor que 25%.
Falta conscientização
Segundo
a infectologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Ceará (UFC) Mônica Façanha, a situação é, muitas vezes,
reflexo da ausência de conscientização da população em relação às
medidas de proteção contra o coronavírus, bem como a limitada taxa de
vacinação atingida até agora.
Enquanto
a gente não estiver com uma cobertura vacinal que iniba a transmissão
de uma pessoa para outra e enquanto houver pessoas aglomerando, sem
adotar máscaras e outras medidas, a gente vai ter transmissão”
Mônica Façanha
infectologista e professora da UFC
Neste
cenário, a médica ressalta que é necessário que todos mantenham os
cuidados de prevenção da doença, mesmo entre as pessoas que já foram
imunizadas ou entre os locais do Estado em que já há liberação das
atividades comerciais.
“Isso
é uma coisa que a gente vai continuar insistindo até estar com a
maioria das pessoas vacinadas e observar que, realmente, não está
havendo propagação por conta da imunidade que a vacina vai gerar”,
explica.
Risco de terceira onda
Façanha
esclarece que o risco de uma terceira onda de casos é possível, visto
que as pessoas infectadas têm possibilidade de se infectar de novo.
“Nada assegura que a segunda vez [doente] vai ser mais leve que a
primeira, muitas vezes a segunda tem sido mais intensa” devido ao
surgimento de variações do vírus que podem ser mais graves ao organismo
humano.
“O
que a gente precisa é investir na vacinação. Quem tiver agendado, não
deixe de ir. As pessoas também não podem esquecer de fazer a segunda
dose, porque a primeira em geral dá uma proteção muito pequena e a D2 é
que realmente confirma a resposta do nosso sistema imunológico”
Mônica Façanha
infectologista e professora da UFC
“A
gente só vai estar fora de risco quando a gente tiver com uma proporção
muito grande da população vacinada, em torno de 80%... e a gente tá com
10%. Então ainda tem um caminho longo até alcançarmos a cobertura
necessária para não ter outra onda”, prossegue a especialista.
Covid-19 no Ceará
Até
esta sexta-feira (4), o Ceará soma 819.014 casos confirmados por
Covid-19 e 20.851 óbitos. As cidades com maiores incidências de infecção
por 100 mil habitantes são Moraújo (20.701,5); Frecheirinha (20.544,3);
Acarape (17.817,7); Eusébio (16.753,7); Brejo Santo (15.785,1);
Itaicaba (15.753,2) e Quixeré (15.671,1). Os dados são do IntegraSUS.
O
grupo com mais contaminações foi o de mulheres na faixa etária de 30 a
34 anos (51.088); de 35 a 39 anos (50.336); de 25 a 29 anos (47.234) e
de 40 a 44 anos (44.104). Em seguida, estão os homens de 30 a 34 anos
(41.052) e de 35 a 39 anos (40.371).