O
primeiro mês da pré-estação chuvosa no Ceará, dezembro, começa com
registros de chuvas na região Sul do Estado. A Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) observou entre as 7h desta
quinta-feira (3) e 7h de hoje, precipitações em 30 municípios. As três
maiores foram em Altaneira (43mm), Crato (37mm) e Porteiras (32mm).
Na
madrugada desta sexta-feira (4) a Funceme registrou chuva em Viçosa do
Ceará (30.8mm), Altaneira e em Várzea Alegre (28mm), Assaré (22.6mm),
Missão Velha (18.4mm), Barbalha (17mm), Antonina do Norte (13mm),
Juazeiro do Norte (13mm), Tianguá e Jardim (12mm).
De
acordo com o meteorologista Flaviano Fernandes, do Instituto Nacional
de Meteorologia (Inmet), as chuvas dos últimos dois dias foram
provocadas por “formação de áreas de instabilidade a partir do
posicionamento do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) que favoreceu
precipitações no Sul do Ceará e também no sertão da Paraíba e de
Pernambuco”.
Flaviano
Fernandes explicou que “a borda do Vórtice traz ventos ascendentes e
favorece a formação de nuvens de chuva, enquanto que no centro há massa
de ar descendente, alta pressão e sol”.
O
posicionamento do VCAN foi, portanto, favorável. “É um sistema
meteorológico de larga escala do tamanho da metade do Nordeste”, pontuou
Fernandes. “Ele continua atuando e pode trazer mais chuvas nas próximas
24 horas, mas o seu deslocamento ocorre de um dia para outro”.
As
chuvas verificadas em novembro passado e agora no começo de dezembro já
mudam a vegetação do Cariri cearense, com predominância do verde em
substituição ao cinza da Caatinga.
Dezembro
e janeiro são meses de pré-estação chuvosa no sertão. Entre fevereiro e
maio ocorre a estação chuvosa, em que o sistema principal de chuva é a
Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
Se
a partir de janeiro e fevereiro as águas do Oceano Atlântico Sul
Tropical estiverem mais aquecidas em relação à porção Norte, favorece a
aproximação da ZCIT, trazendo chuvas para o sertão cearense. “Vamos
aguardar até a segunda quinzena de janeiro para termos um prognóstico
sobre as chuvas em 2021”, disse Fernandes.
Outro
quadro favorável é que nos próximos quatro meses há atuação de La Niña,
quando a temperatura das águas superficiais do Oceano Pacífico na costa
do Peru está fria. O contrário, ou seja, a formação de El Niño,
aquecimento, é desfavorável à formação de nuvens de chuva sobre o sertão
nordestino.