Os serviços não essenciais deverão permanecer
fechados no Ceará por mais 15 dias. Nesse sábado (4), o governador
Camilo Santana anunciou mais uma medida de enfrentamento à pandemia do
novo coronavírus
no Estado e prorrogou o decreto de isolamento social até o dia 20 de
abril. Durante o anúncio, a preocupação com os empregos se destacou.
Camilo fez um apelo às empresas locais para que mantenham os empregos
durante a crise econômica causada pelo novo coronavírus no Estado e no
mundo. Ele destacou a articulação de um grupo de empresários para que
não haja demissões no Ceará, além da colaboração dos prefeitos.
O governador defendeu manter o senso de unidade e solidariedade para
que o Estado possa passar pela crise econômica. "Precisamos estar
juntos, todos com um objetivo de proteger a vida das pessoas. Quero até
fazer um apelo às empresas cearenses que evitem a demissão. Esse é um
momento para sermos solidários", disse Camilo. "Há políticas do Governo
Federal para evitar demissões de empregados com carteira assinada em
todo o Brasil", completou.
Medidas tomadas
A iniciativa se une a uma série de outras medidas já anunciadas pelo
Governo do Estado, como um pacote de apoio às empresas e o suporte às
famílias de baixa renda para as contas de água e energia. A informação
foi confirmada pelo governador pela conta oficial dele no Twitter.
Camilo afirmou que a decisão foi tomada a partir da avaliação da
equipe técnica de Saúde do Estado, seguindo as recomendações da
Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem o objetivo de proteger a vida
dos cearenses. Ele ainda destacou que a doença está em uma fase de
propagação que poderá chegar a todos os bairros da Capital e ao interior
do Ceará.
"Há uma preocupação dos especialistas de que essa contaminação, que
estava restrita a uma área da cidade, comece a se espalhar para as áreas
periféricas e para o interior do Estado. Estamos preocupados com a
velocidade com que isso se propaga", disse.
A prorrogação do decreto entra para o pacote de medidas já anunciadas
pelo Governo do Estado. Nas últimas semanas, Camilo garantiu que as
contas de luz das famílias de baixa renda serão pagas pela administração
estadual, caso seja consumido até 100 quilowatts (kW) por mês,
iniciativa que deverá custar cerca de R$ 15 milhões aos cofres públicos.
A medida, que vale para os meses de abril, maio e junho, se concretizou
após negociação com a Enel Distribuição Ceará.
O Estado também suspendeu a cobrança das tarifas social e popular da
Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), além da suspensão da taxa
de contingenciamento da Companhia, por 90 dias. Segundo relatório da
Cagece, serão desembolsados cerca de R$ 40 milhões durante o período de
validade dessas medidas. Por mês, a estimativa de gastos é de R$ 13
milhões.
Camilo defendeu as iniciativas como sendo de extrema importância para
a proteção da população mais vulnerável no Estado. O governador também
destacou durante uma live nas redes sociais a relevância do isolamento
social para o combate à Covid-19.
"A principal ação preventiva é o isolamento social, é o que dizem os
especialistas e a OMS. A partir dessa recomendação que tomei a decisão
de renovar o decreto estadual por mais 15 dias, indo até o dia 20 de
abril. Tomei essa decisão na certeza de que ela é a mais correta para
proteger os cearenses", afirmou.
Impactos
Para o economista Aléx Araújo a recuperação econômica no País poderá
demorar mais o que o normal porque essa crise demandará políticas de
investimento do Estado e, talvez do aumento da dívida pública. Mas a
atual equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, não teria
esse perfil.
Com perfil liberal e de redução do Estado, a equipe econômica,
segundo Alex, poderá apresentar resistência na apresentação de pacotes
de liberação de recursos para apoiar estados, municípios, e setores
específicos da economia.
"Isso é muito difícil de reverter e você não tem uma disposição do
Governo Federal em lançar pacotes. É possível que o Governo Federal
tenha de ajudar os Estados para o pagamento de custos básicos, mas não
há disposição, pois dependeria de uma mudança de perfil da equipe
econômica", explicou.