Apesar
das pressões para um retorno à normalidade das atividades, o Governo
Bolsonaro tomou, ontem, medidas indicando uma direção oposta.
O ministro
Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) decidiu prorrogar o
fechamento das fronteiras terrestres, por mais 15 dias, e proibiu a
entrada, por via aérea, de estrangeiros de todas as nacionalidades no
País, por um prazo de 30 dias.
Por
sua vez, a Justiça Federal proibiu, ontem, o Governo Federal de adotar
medidas contrárias ao isolamento social como forma de prevenção da
Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Também
suspendeu a validade de dois decretos editados pelo presidente Jair
Bolsonaro que classificaram igrejas e casas lotéricas como serviços
essenciais, o que permitia seu funcionamento mesmo com proibições de
aglomerações em estados e municípios. A medida tem efeito imediato e
vale para todo o Brasil.
Nesta
semana, o Palácio do Planalto lançou a campanha publicitária batizada de
"O Brasil não pode parar" para defender a flexibilização do isolamento
social adotado na maioria do País. A intenção é mostrar os efeitos de
medidas como o fechamento de empresas na economia.
Na
primeira reunião com gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) após o
presidente Jair Bolsonaro cobrar regras mais brandas de isolamento
social contra o novo coronavírus, o ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta (DEM), adotou um tom diferente e prometeu a secretários de
Estados e municípios que tomará apenas decisões técnicas, baseadas em
evidências científicas.
Novo tom
A
readequação do discurso de Mandetta acontece após o pronunciamento de
Bolsonaro à Nação, em cadeia nacional de TV e rádio, no qual o
presidente criticou o fechamento de escolas e do comércio para combater a
doença. Sob pressão, em entrevista na quarta-feira passada o ministro
disse que o modelo de quarentena adotado em parte do País "não ficou
bom" e passou a suavizar o tom na defesa de medidas de restrições.
Quem
esteve na reunião entre os secretários de Saúde notou uma sutil mudança
no discurso de Mandetta, mas afirmou sentir "alívio" porque o ministro
da Saúde não endossou plenamente a fala de Bolsonaro, que atacou
governadores, chamou a Covid-19 de "gripezinha" e repetiu que há muita
"histeria".
Prisão domiciliar
O
ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do STJ, determinou que todos os
presos por dívidas alimentícias no País sejam colocados em prisão
domiciliar em razão da pandemia da Covid-19. Sanseverino estendeu os
efeitos de liminar dada na quarta a presos na mesma condição no Ceará.
Distanciamento no RJ
O
governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, fez um pronunciamento na
noite de ontem, no qual afirmou que vai decretar mais 15 dias de
distanciamento social, a partir da próxima segunda. Apesar do anúncio de
prorrogar as restrições, o governador disse que, a partir de 4 de
abril, vai começar a reavaliar as restrições.
Com informações Diário do Nordeste