Um laudo da Polícia Civil concluiu que a voz do porteiro que liberou a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, não é a do funcionário que mencionou o presidente Jair Bolsonaro aos investigadores da Delegacia de Homicídios (DH). O laudo foi obtido pelo jornal O Globo.
De acordo com o documento, que foi assinado por seis peritos, o áudio
da portaria não sofreu qualquer tipo de edição e a pessoa que deu a
autorização para a entrada de Élcio no condomínio foi o policial
reformado Ronnie Lessa. Tanto Élcio quanto Lessa estão presos sob a
acusação de terem cometido o crime.
Em 2019, durante depoimento, um dos porteiros afirmou que Jair
Bolsonaro havia liberado a entrada de Élcio no condomínio. Mais tarde, o
porteiro voltou atrás.
Agora, a perícia no áudio da portaria, iniciada em 13 de janeiro
deste ano, confirmou que foi um outro funcionário que interfonou para
Lessa, morador do condomínio e vizinho de Bolsonaro. O crime aconteceu
em 14 de março de 2018, por volta das 21h15. A gravação foi feita no
mesmo dia, às 17h07m42s, portanto, quatro horas antes da execução.
Nos depoimentos que prestou nos dias 7 e 9 de outubro do ano passado,
o porteiro pivô do caso relatou que “Seu Jair”, referindo-se a
Bolsonaro, havia autorizado a entrada de Élcio no dia do assassinato.
O
porteiro também afirmou à polícia que o ex-PM havia pedido para ir à
casa número 58, onde vivia o então deputado federal e atual presidente
da República. Jair Bolsonaro, no entanto, encontrava-se em Brasília no
dia.