Simples, um
ser afetuoso e próximo das pessoas. Essas são características que os
moradores da cidade de Orós, na região Centro-Sul cearense, expressam
quando se referem ao filho do coração: o cantor e compositor, Raimundo
Fagner.
Ele nasceu
em Fortaleza, mas viveu a maior parte da infância e da adolescência no
solo oroense – entre o centro urbano e a localidade de Santarém. Muitos
trazem na mente e no coração lembranças do artista, que ajudou a
divulgar Brasil afora o nome da cidade, que também é lembrada por ter um
dos maiores açudes do Ceará, o Orós. “Sempre foi uma pessoa simples,
que quando nos visita, anda pela rua, vai aos bares, ouve histórias na
praça, joga pelada de futebol com a gente”, pontua o ex-prefeito e amigo
da adolescência, Eliseu Batista Filho. “Há entre nós uma amizade
sincera, sadia e forte”.
Festejo
Para
homenagear o cantor, será apresentado na noite deste domingo (13), data
em que transcorre o aniversário de 70 anos de Fagner, na Praça da Matriz
de Orós, “Fagner – O Musical”, encenado por alunos da Fundação Raimundo
Fagner que tem núcleos em Orós, sob a regência do maestro Raimundo
Nonato, e em Fortaleza. O espetáculo reúne canções que marcam a
trajetória de vida e carreira do artista cearense.
Já na
Capital, o espetáculo também acontece na mesma data e será realizado a
partir das 18 horas, com a participação de jovens da Fundação e regência
do maestro Eduardo Júlio Saboya, no palco principal do Cineteatro São
Luiz. No repertório estão 12 músicas escolhidas a partir das histórias
das letras do artista Raimundo Fagner, que também vai fazer uma
apresentação especial após o espetáculo.
O ano de
2019 assinala 45 anos de carreira de Fagner. “Parece que foi ontem
quando ele começou a tocar violão. Ele foi a Brasília, depois ao Rio de
Janeiro e fez seus primeiros e grandes shows”, lembrou Eliseu Filho. “Na
nossa casa sempre teve o cantinho dele”.
Para muitos
moradores da cidade, ele é simplesmente o amigo. Não há o clima de
assédio típico de fãs, mas uma aproximação simples entre moradores. “Ele
entra nos bares, conversa com todos de forma descontraída, aberta”,
observa Genário Andrade, diretor da rádio Orós FM, da qual Raimundo
Fagner é proprietário.
Atualmente,
na cidade, não há parentes residindo, mas no distrito de Santarém há
alguns primos. A localidade ganhou recentemente acesso com pavimentação
asfáltica. Há dois anos sem visitar Orós, os moradores estão com
saudades e esperam ansiosos um show de Fagner em Santarém, berço da sua
família materna.
Genário
Andrade lembra que, com frequência, Fagner está em contato. “Ele não
esquece Orós, sempre liga e pergunta se está chovendo, como estão as
pessoas, a cidade, o nível de água do açude, mostra preocupação”, diz.
“Aqui ele sempre gostou de tomar banho no açude, na válvula, passear de
barco”.
O cantor
tem uma casa em uma das ilhas do açude Orós. “É simples, sem luxo, para
receber os amigos de braços abertos”, evidencia Genário Andrade. O
pescador, Luís Costa, recorda. “Quando ele está por aqui fala com todo
mundo e gosta de beber uma cachacinha”, disse. O barqueiro, Francisco
Pereira, reforça: “É um artista famoso, mas simples, que pega um barco
com a gente e vai até a ilha dele”.
Musical
Em 2000,
Fagner criou a Fundação que leva o seu nome. Junto à Fundação Banco do
Brasil e outros parceiros, trouxe para Orós oportunidade de formação
artística e educacional para 220 crianças e adolescentes, que participam
de cursos e oficinas.
Janete
Ferreira Vieira, coordenadora geral da Fundação, pontua o trabalho de
formação social, cultural e educacional de crianças em atividades
ofertadas no contraturno da escola.
Fagner
mantém uma casa no centro da cidade, outra em uma ilha no Açude Orós e
um apartamento no piso superior da rádio, cercado por varandas, no
bairro Alto dos Custódios, onde costuma preparar suas próprias comidas.
Do alto se
tem visão praticamente de toda a cidade - do sangradouro, da parede da
barragem do Açude Orós, da válvula dispersora, que são pontos turísticos
e até do Rio Jaguaribe.
A jovem
Andressa Custódio participa da fundação desde os nove anos e fará parte
do grupo que vai apresentar o musical. “É um privilégio para nós, uma
forte emoção, e estamos muito dedicados nos ensaios”, contou. “Somos uma
família”.
O maestro
Raimundo Nonato se considera privilegiado por fazer parte do projeto.
“Só trazemos boas lembranças de Fagner, de seu carinho em implantar a
Fundação, a escola de formação musical”, declarou. “Ele é um grande
amigo de Orós, que não esquece sua gente, sua cidade onde cresceu”,
completa.
Torcida por inverno
Após sofrer
um problema de saúde, em Orós, há mais de dois anos, Fagner se manteve
afastado da cidade desde então. Outro motivo é a seca. “Tô agora pra
voltar na inauguração da estrada que o governador tão gentilmente
colocou o nome da minha mãe na rodovia que vai lá pra Santarém, que é a
terra dela.
Que eu
possa primeiro rezar para um bom inverno, que é o que mais se precisa no
interior. E Orós também está padecendo com essa situação, por ser ali
uma referência, um oásis do sertão”, disse Fagner. “Aquelas águas muito
baixas dão uma tristeza danada. Eu espero que primeiro tenha um bom
inverno e que eu possa voltar pra tocar as coisas que a gente vem
fazendo”.
Com informações do Diário do Nordeste.