Após os ataques à refinaria Aramco, na Arábia Saudita, no último
sábado (14), o preço do barril de petróleo Brent no mercado
internacional sofreu elevação de 19,5% ontem (16) – a maior alta diária
registrada desde 1991, quando começou a Guerra do Golfo – atingindo US$
71,95 (R$ 293,63). Os consumidores brasileiros poderão sofrer com
aumento de até 8% no valor dos combustíveis, segundo estima o consultor
de petróleo e gás, Bruno Iughetti. Já nas refinarias brasileiras, a
elevação de preços pode chegar a até 10%.
Apesar da disparada do preço do barril, a Petrobras não deverá
repassar imediatamente os aumentos para o consumidor brasileiro. A
estatal vai avaliar o comportamento do preço do petróleo nos próximos
dias para depois decidir se irá revisar os preços dos combustíveis no
Brasil. Na prática, significa que, por ora, a petroleira vai segurar os
preços dos combustíveis.
Ainda assim, Iughetti destaca que a disparada deve refletir sobres
preços dos combustíveis, uma vez que a Petrobras “não poderá suportar
por tanto tempo” a medida. Ele lembra que a refinaria atacada é
responsável pela produção de cerca de 6% de todo o petróleo produzido no
mundo.
“Com certeza, os derivados no Brasil sofrerão com essa alta. Até
porque uma das variáveis utilizadas pela Petrobras no reajuste dos
valores praticados nas refinarias é o preço do barril de petróleo”,
explica. Além do combustível fóssil, a estatal também leva em
consideração a cotação do dólar, que fechou ontem em alta de 0,05%, a R$
4,08.
Apesar da iminente elevação no valor dos combustíveis, Iughetti
ressalta que tudo vai depender do que irá acontecer nos próximos dias,
uma vez que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que
irá abrir mão de suas reservas estratégicas para que o efeito nas preços
finais não sejam tão drásticos.
“Esperamos que as declarações de Trump surjam o efeito esperado”,
torce o consultor. Para tentar minimizar os efeitos, a Petrobras
anunciou que vai segurar o preço da gasolina até que haja estabilidade
nos valores dos barris de petróleo.
Inflação
O consultor de energia, Expedito Parente Júnior, aponta que a
volatilidade do preço do petróleo pode ser um fator inflacionário no
Brasil. Ele explica que o custo com transporte pode gerar um consequente
aumento no preço dos produtos finais para o consumidor.