A
Lava Jato divulgou uma nota onde confirma ter sido hackeada. O
comunicado, publicado na noite deste domingo (9), explica que as
mensagens trocadas pelo Sergio Moro e Deltan Dallagnol, atual
coordenador da força-tarefa, publicadas pelo site Intercept,
são frutos de uma atividade criminosa. O teor das conversas indica que o
ministro, na época juiz federal, conduziu as investigações.
Moro
sugeriu trocas de fases da Lava Jato e deu dicas informais a Dallagnol
por mensagens do aplicativo Telegram. Os arquivos trazem históricos
entre 2015 e 2017.
Segundo
o Ministério Público Federal, não se sabe o tamanho do vazamento por
meio dos hackers, mas os procuradores confirmaram que as conversas
publicas são autênticos.
A
Constituição de 1988 estipula que o juiz não pode ter vínculos com as
partes do processo judicial. Com a parte acusadora, neste caso o MP, não
deve haver troca de informações ou atuação fora das audiências.
Segundo
o The Intercept Brasil, eles receberam as conversas de uma fonte
anônima e possuem cerca de 1700 arquivos. O conteúdo teria chegado
semanas antes da notícia sobre o hack no celular do Ministro da Justiça.
“Há
a tranquilidade de que os dados eventualmente obtidos refletem uma
atividade desenvolvida com pleno respeito à legalidade e de forma
técnica e imparcial, em mais de cinco anos de Operação", afirma a Lava
Jato em nota.
As mensagens de Moro
Em
uma das mensagens, em 21 de fevereiro de 2016, Moro sugeriu a Dallagnol
que fosse invertida a ordem de duas operações da Lava Jato. O
procurador afirmou que haveria problemas logísticos para que isso
acontecesse. No dia seguinte, ocorreu a 23ª fase da Lava Jato, a
Operação Acarajé.
Em
uma conversa de 27 de fevereiro, Moro teria perguntado a Dallagnol: "O
que acha dessas notas malucas do diretório nacional do PT? Deveríamos
rebater oficialmente? Ou pela Ajufe [Associação dos Juízes Federais do
Brasil]?".
Em
meio a manifestações de rua contra o governo da ex-presidente Dilma
Rousseff, o então juiz declarou o desejo de "limpar o Congresso", depois
de ser parabenizado pelo procurador devido "ao imenso apoio público".
Também
em comunicado, Sérgio Moro criticou o Intercept por não ter entrado em
contato com ele antes da publicação da matéria. A publicação afirmou que
não o fez por receio de receber bloqueios judiciais. em contato antes
da publicação, contrariando regra básica do jornalismo.
“Quanto
ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer
anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de
terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que
ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava
Jato”, escreveu.
A relação com Lula
Quando
Dilma tentou nomear o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva para a
Casa Civil, em março de 2016, Moro divulgou uma conversa gravada entre
os petistas. A estratégia de divulgação dos áudios foi discutida entre
procurador e juiz.
"A
decisão de abrir está mantida mesmo com a nomeação, confirma?",
questionou Dallagnol. Moro rebateu, perguntando qual era a posição do
Ministério Público Federal, ao que o coordenador da Lava Jato em
Curitiba respondeu que era "abrir" e levar a público.
A
defesa de Lula emitiu uma nota de repúdia ao ministro. “Ninguém pode
ter dúvida de que os processos contra o ex-Presidente Lula estão
corrompidos pelo que há de mais grave em termos de violações a garantias
fundamentais e à negativa de direitos.”
Segundo
os advogados, o ex-presidente foi vítima de "lawfare", a manipulação de
leia e procedimentos jurídicos para fins de perseguição política.