O Facebook removeu nesta segunda-feira
(22) 68 páginas e 43 contas da rede social que replicavam postagens
favoráveis ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) que recebiam milhões
de interações. De acordo com a empresa, os responsáveis por essas
páginas usavam contas falsas ou múltiplas contas com os mesmos nomes,
violando políticas de autenticidade e de spam.
Segundo nota do Facebook, essas páginas, controladas por um grupo
chamado Raposo Fernandes Associados (RFA), publicavam uma grande
quantidade de artigos caça-cliques, com o objetivo de direcionar as
pessoas para seus sites fora do Facebook. Esses sites, por sua vez, têm
grande número de anúncios e pouco conteúdo, sendo chamadas de "fazendas
de anúncios" ("ad farms", em inglês).
De acordo com a empresa, a decisão de remover as páginas e contas deveu-se ao comportamento delas, e não ao conteúdo.
Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo mostrou que ao
longo de 30 dias os endereços nessa rede de páginas alcançaram 12,6
milhões de interações no Facebook ou seja, o total de reações a
postagens, comentários e compartilhamentos. Mais de 16 milhões de
usuários seguem essas páginas. Nos mesmos 30 dias, segundo a reportagem,
o jogador Neymar teve 1,1 milhão de interações, a cantora Anitta
conseguiu 574,8 mil e Madonna, 442,5 mil.
Entre algumas das páginas mais populares dessa rede pró-Bolsonaro
estavam "Correio do Poder", "Movimento Contra Corrupção", "Folha
Política" e "TV Revolta".
"Embora a atividade de spam esteja comumente associada à oferta
fraudulenta de produtos ou serviços, temos visto spammers usando cada
vez mais conteúdo sensacionalista político em todos os espectros
ideológicos para construir uma audiência e direcionar tráfego para seus
sites fora do Facebook, ganhando dinheiro cada vez que uma pessoa
visita esses sites. E isso é exatamente o que as páginas e as contas que
removemos hoje estavam fazendo", diz a nota do Facebook.
A Raposo Fernandes Associados faz parte de grupo administrado pela
empresa Novo Brasil Empreendimentos Digitais, de propriedade do advogado
Ernani Fernandes Barbosa Neto e de Thais Raposo do Amaral Pinto Chaves.
A reportagem tentou contato com a empresa, mas não teve retorno até o momento.
Recentemente, o WhatsApp
anunciou que centenas de milhares de contas foram banidas por uso
irregular do aplicativo. A decisão foi tomada após reportagem da Folha
de S.Paulo mostrar financiamento de campanha contra o PT por empresas,
como a varejista Havan, com pacotes de disparo de mensagens em massa.
Esse tipo de financiamento é proibido pela legislação eleitoral.