O presidente Michel Temer (MDB) voltou a pregar paz e união em meio ao momento político conturbado, após a decretação da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente participou na manhã deste sábado (7) do 3º Simpósio Nacional de Varejo e Shopping e discursou para empresários.
Sem mencionar o caso de Lula, Temer afirmou que o país está dividido e que o reflexo negativo disso ultrapassa as fronteiras do Brasil.
"O país foi tomado nos últimos tempos por muito pessimismo. E isto não é
típico do brasileiro. O brasileiro sempre foi muito alegre, muito
participativo, muito solidário, muito humanitário. De uns tempos para cá
começou uma divisão dos brasileiros que não é típica do país", disse."
E isso tem repercussão internacional. As pessoas não
se apercebem disso. A mania de falar mal do Brasil causa problemas para
todos nós. E nós abandonamos aquele otimismo natural do povo
brasileiro."
Assim como em discurso na noite anterior, em Salvador, Temer chamou atenção do público para que haja paz na nação.
"Queremos que haja paz no Brasil. Temos de fazer uma distinção entre
disputa político-eleitoral, que é o momento próximo das eleições e que
as pessoas debatem, controvertem, colocam suas ideias. E o momento
político-administrativo, que se segue à eleição e todos têm de se unir
para prestigiar o país", afirmou.
Para o presidente, o momento conturbado que o Brasil atravessa é
reflexo da falta de consciência política de parte da sociedade diante a
necessidade de união entre as diferentes forças partidárias.
Impopular
Temer disse ainda que faz uso de sua impopularidade para promover "as mudanças que precisam ser feitas pelo Brasil".
Ele defendeu as reformas estruturais que têm sido bancadas por sua gestão.
"Quem quiser pode pegar este documento da 'Ponte para o Futuro'
e ver o que nós fizemos em um ano e onze meses. E, veja, não falo de um
governo de quatro ou de oito anos, mas, sim, de um governo que não
completou nem dois anos ainda", defendeu Temer, mencionando de maneira
implícita as gestões petistas anteriores.
Lançado em 2015, o documento mencionado pelo
presidente elenca ao longo de 27 páginas propostas de modernização da
legislação brasileira, entre elas, a reforma trabalhista, já sancionada,
e as reformas tributária e da Previdência, que ainda estão paradas no
Congresso Nacional e são alvos de críticas de partidos e movimentos de
esquerda.
De acordo com a última pesquisa publicada pela CNI/Ibope, o governo
emedebista é aprovado por 5% dos brasileiros. Para justificar sua baixa
aceitação, Temer afirmou aos empresários que "muitas vezes fazer o que o
povo quer leva à crucificação de Cristo".
Em um aceno direto ao empresariado, Temer afirmou, ao lado do ministro
da Fazenda, Henrique Meireles (MDB), que a iniciativa privada é
fundamental para a garantia da governabilidade."Criamos um organismo
especial para cuidar das privatizações. Um governo tem sucesso quando
traz a iniciativa privada para o seu interior", disse.
Após sua participação no simpósio, Temer deixou o evento sem conceder entrevista à imprensa.