Os relatos sobre a violência praticada pela facção Guardiões do Estado (GDE), grupo suspeito de organizar a maior chacina já registrada
em Fortaleza, já se multiplicavam mesmo antes de homens armados
invadirem um forró e matarem 14 pessoas. Na tarde deste domingo, 28, o
pedreiro Reginaldo Pereira de Oliveira, de 40 anos, contava porque seu
filho foi morto pela facção, enquanto tratava da liberação do corpo de
um primo, assassinado pouco depois da chacina. Ambos teriam sido mortos
pelo GDE.
"Meu filho postou uma foto no Facebook com um cara que era da outra facção. Foi só isso. Aí foram em casa e mataram ele",
conta o pai. O filho, Samuel Rodrigues da Costa, de 20 anos, foi
executado no dia 15 de dezembro. "Falaram que tinham ido matar ele para
roubar. Ele tinha juntado R$ 1 mil, e comprado camisetas. Queria
multiplicar o dinheiro. Ele trabalhava em uma transportadora", conta o
pai. "Só depois soube dessa foto."
Pai e filho moravam em Maracanaú, na Região Metropolitana. O pai conta
que, de alguns anos para cá, as pessoas começaram a ouvir falar das
facções. Muros começaram a ser pichados com a sigla GDE, e entre os
moradores corriam boatos de que eles iriam "dominar tudo".
Samuel, que trabalhava, não tinha ligação com facções. Mas um de seus
amigos, sim. Era identificado pelos vizinhos como integrante do Comando
Vermelho (CV), a facção fluminense em disputa com o GDE cearense pelo domínio do tráfico na periferia da cidade.
"A coisa fugiu todo do controle. Logo, isso aqui vai virar uma guerra civil",
diz Oliveira. "A facção surgiu não tem muito tempo, não. E está
crescendo de uma forma terrível. Tem homem feito, de 25, 30 anos, mas
tem moleque de 12 anos", conta.
Morte
O primo de Oliveira, Jefferson Silva Costa, foi assassinado no domingo, depois da chacina.
Os familiares contam que oito homens entraram na casa e o executaram.
Um irmão de Costa, que também estava no imóvel, fugiu por uma janela. O
crime ocorreu à 1h30.