A
menos de um mês para o julgamento de Lula pela 8ª Turma do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), a estratégia do PT é reafirmar a
inocência do ex-presidente e defender, a todo custo, a sua candidatura.
De acordo com Francisco de Assis Diniz, presidente da sigla no Ceará,
“Lula será candidato, esteja condenado ou não, preso ou não”.
A
tese, defendida pelo diretório nacional do partido, foi reforçada pelos
deputados Elmano de Freitas e José Guimarães, que se reuniram ontem na
sede da legenda junto com a militância e movimentos sociais para definir
agenda de mobilização no Estado até o dia 24 de janeiro, quando Lula
será julgado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Elmano
argumenta que, como “o único objetivo do processo contra o Lula é
tirá-lo de uma disputa eleitoral”, a defesa da sua candidatura é,
também, uma luta pela democracia. “É importante nós denunciarmos,
dizermos que não é possível que alguém que tem a liderança política do
Lula tenha uma condenação sem nenhum tipo de prova real”, afirmou.
Para
o parlamentar, a candidatura do petista deve ser mantida “sob qualquer
hipótese porque o partido está convencido da sua inocência”. Recuar
seria admitir, portanto, que há culpa. Já Guimarães repete as palavras
da presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann: “Para nós, não
há plano B. Só temos um plano: o Lula candidato em qualquer situação”.
Mesmo se for condenado no próximo dia 24, o ex-presidente não ficaria, automaticamente, impedido de se candidatar.
Lula
permanece com o direito de registrar candidatura, dentro do prazo legal
previsto, e iniciar campanha até a análise do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Tendo o registro indeferido, ele ainda poderia recorrer
ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal
Federal (STF).
Mobilização
No fim da tarde
de ontem, o diretório estadual do PT reuniu parlamentares, militantes e
movimentos populares para discutir a mobilização neste mês até o dia do
julgamento.
Chamado de “Janeiro - Tô com Lula”, o mês contará com
caravanas em municípios do interior do Estado (com data antecipada para a
próxima semana), panfletagens, palestras e os atos do dia 24, que se
concentrarão em Fortaleza e outros cinco municípios: Crateús, Limoeiro,
Quixadá, Juazeiro do Norte e Sobral.
Ainda não está confirmado
se Camilo Santana (PT) participará de algum ato, mas a resolução do
diretório nacional é de que todos os governadores petistas estejam no
grande ato de Porto Alegre, onde será o julgamento.
“Tô
com Lula em defesa da democracia”, dizem cartazes colados em muros de
Fortaleza ontem. Esta é uma das primeiras ações em defesa do petista no
mês do seu julgamento, feita por movimentos sociais.
Além
dos cartazes, os diretórios municipal e estadual do PT articulam mês
inteiro de mobilizações. Ontem, houve a primeira reunião. Na próxima
segunda-feira, 8, haverá encontro, dessa vez com presença mais massiva
de parlamentares.
O objetivo é definir agenda das caravanas
estaduais, que passarão pelas cidades-polo que receberão ato no dia 24 e
pelos municípios próximos. Durante as visitas, serão angariados apoios
para os atos. Também serão organizadas plenárias nesses municípios
para definir como será o ato em cada cidade. Algumas, como é o caso de
Fortaleza, devem ter vigília do dia 23 para o dia 24, outras terão
aulas públicas, caminhadas e palestras, por exemplo.
Lula já foi
condenado, no ano passado, pelo juiz federal Sergio Moro a nove anos e
meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.