O
governo do Ceará vai retirar, a partir dos próximos meses, águas do rio
Cocó para reduzir impactos da seca no abastecimento de Fortaleza.
A informação foi confirmada neste sábado pelo secretário de Recursos
Hídricos do Estado, Francisco Teixeira, e está incluída entre ações que
buscam diversificar fontes locais e evitar o colapso de água na Capital.
Segundo
Teixeira, as águas serão captadas a partir da vazão do Cocó na barragem
construída ano passado no bairro Conjunto Palmeiras, em Fortaleza. A
ideia, segundo o secretário, é usar uma vazão de até 300 litros por
segundo durante os meses de maiores índices de precipitações.
“A
Cagece está desenvolvendo um projeto para criar uma estrutura para a
gente poder usar [essa água], nem que seja somente em alguns meses do
ano”, diz Teixeira.
A
barragem, construída com justificativa oficial de evitar alagamentos em
comunidades ribeirinhas da região, tem capacidade de 6,4 milhões de
metros cúbicos. “É pouca água, mas qualquer 200 litros [por segundo] que
a gente tire, em algum período, já ajuda Fortaleza em um cenário de
crise. Vai se somando às outras ações planejadas, o que diminui o
risco”, diz.
Atualmente, atividade semelhante já ocorre no rio
Maranguapinho, que tem parte das águas de cheia retirada para abastecer a
população de Maranguape e o distrito industrial de Maracanaú. “A ideia
agora é ampliar as ações de dessalinização, de reuso de água, concluir a
transposição do São Francisco e buscar a diversificação das fontes
locais”, explica Teixeira.
“A gente sempre trabalha com risco. Foi
risco em 2015, foi risco em 2016, em 2017 e agora em 2018 também. É
natural. O que a gente procura é instrumentos para reduzir o risco o
máximo possível”, diz.
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Neste
fim de semana, Teixeira esteve reunido com o governador Camilo Santana
(PT) e demais secretários estaduais para reuniões de Monitoramento de
Ações e Projetos Prioritários (Mapp). No encontro, gestores do Estado
apresentaram prognósticos de recursos hídricos do Estado e estratégias
para ligar com a seca prolongada.
Segundo ele, cobrança maior do
governador veio para que a SRH e a Cagece acelerem a elaboração da
planta de dessalinização da água marinha para a Região Metropolitana da
Capital.
“Nós dividimos as ações em que a gente trabalha entre as
de contingência, mais emergenciais, as mais estruturantes, de médio e
longo prazo, e até um planejamento futuro, inclusive já pensando no
plano Ceará 2050. O governador está muito tranquilo em acelerar algumas
ações que podem ser concluídas no atual governo, e detectando uma ou
outra mudança de rumo”.
Ele aproveita, no entanto, para
“alfinetar” ritmo de obras da transposição do São Francisco, tocadas
pela União no Ceará. “Foge da nossa governança o controle da obra de
transposição, mas o governador acompanha e se reúne periodicamente com o
ministro.
Infelizmente a gente não pode obrigar a construtora, o Ministério, a terminar no prazo que queremos”.