Uma mulher que afirmava ter sido estuprada ou assediada sexualmente por 15 homens, foi considerada culpada por fazer alegações falsas.
As mentiras de Jemma Beale, de 25 anos, colocaram um homem atrás das grades e fizeram com que outro fugisse do país.
Beale,
de Bedfont, Hounslow, na Inglaterra, foi considerada culpada em quatro
acusações de falso testemunho e quatro acusações de obstrução de
justiça. após um julgamento no Tribunal de Southwark.
Ela
afirmava ter sido assediada sexualmente por seis homens e estuprada por
nove, durante quatro eventos diferentes, num período de três anos.
Em 2010 uma denúncia de estupro feita por Beale levou à prisão de um dos homens – Mahad Cassim – por sete anos.
Ela
havia dito à polícia que Cassim a estuprou após oferecer uma carona
para a sua casa – mas ele alegou que ela o instigou e ordenou que
tirasse suas roupas íntimas.
Beale
disse no tribunal que era lésbica e que não tinha interesse no sexo
oposto, acrescentando: “Eu nunca vou pedir que um homem que eu não
conheço transe comigo. Eu não sou bissexual”.
Num
depoimento, na época do julgamento de Cassim, ela disse: “Eu sinto que
qualquer sentença que ele receber nunca irá refletir a sentença de vida
que ele me deu”. Ela acabou recebendo £11 mil (cerca de R$ 46 mil) como
forma de compensação.
No
entanto, quando uma antiga namorada de Beale disse à polícia que Cassim
havia sido preso com base em alegações falsas, detetives do Comando de
Crimes Sexuais, Exploração e Abuso Infantil (SOECA, na sigla em inglês)
iniciaram uma investigação, em dezembro de 2013.
Na
época, os policiais estavam investigando outra alegação de Beale, que
afirmava ter sido estuprada por um grupo de homens em Feltham, em
novembro daquele mesmo ano.
Quando
os detetives analisaram as denúncias de Beale entre 2010 e 2013,
identificaram diversas similaridades – e muitas discrepâncias comuns.
As
dúvidas em relação à validade dos depoimentos de Beale levaram à
revogação da sentença de Mahad Cassim após uma apelação, em julho de
2015.
Um caso diferente fez com que outro homem acusado, Noam Shazad, fugisse para o Paquistão após Beale denunciá-lo por estupro.
Ela
afirmava que Shazad a assediou em um pub, antes que ele e um grupo de
três homens a estuprassem num estacionamento, próximo ao local. Desde
então, todas as queixas contra Shazad foram descartadas.
Beale
foi presa em junho de 2014, mas se declarou inocente. O júri a
considerou culpada de quatro acusações de falso testemunho (relacionadas
ao julgamento e à revisão do julgamento de Cassim) e quatro acusações
de obstrução de justiça, relacionadas a três outros incidentes em que
ela alegou ter sido estuprada ou assediada.
O
juiz Nicholas Loraine-Smith fez referência ao comportamento “em busca
de atenção” de Beale e a decidiu mantê-la sob custódia até a divulgação
de sua sentença no dia 24 de agosto.
O
inspetor de polícia Kevin Lynott, que liderou a investigação das
alegações falsas de Beale, disse: “Beale é responsável por fabricar uma
série de alegações extremamente sérias, que levaram a investigações
complexas envolvendo equipes de detetives e especialistas, gastando
milhares de horas nos casos e oferecendo apoio a ela”.
Ele
acrescentou: “A sua manipulação do sistema de justiça criminal fez com
que a polícia direcionasse recursos significativos para investigar suas
queixas mentirosas, além dos seus próprios crimes. Ela também causou um
impacto significativo no NHS (Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido)
como resultado de suas denúncias, e usou muitos recursos limitados que
deveriam ser direcionados a verdadeiros sobreviventes. Além disso, ela
ainda prestou um depoimento falso no tribunal, que levou à condenação e
prisão de um homem completamente inocente”.
“Beale
foi exposta como uma mentirosa compulsiva e eu só posso imaginar que
ela foi motivada parcialmente pela compensação financeira, mas
principalmente pela atenção e controle sobre seus parceiros e familiares
na época em que fez as alegações. O impacto nas vidas daqueles que
foram falsamente acusados foi devastador, mas esperamos que este
desfecho possa absolver completamente todos os homens acusados de terem
cometido estes crimes terríveis”.