Sob um ambiente de
desconfiança alimentado pela crise política, o presidente Michel Temer e
o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tiveram uma breve
conversa reservada na base aérea de Brasília no início da noite deste
sábado (8).
Maia foi até o local acompanhado do ministro Antonio
Imbassahy (Secretaria de Governo) para receber Temer, que desembarcava
de sua viagem à Alemanha para o encontro do G20.
Em outras ocasiões, o presidente da Câmara também foi
à base aérea para receber Temer após viagens internacionais, mas havia
dúvidas sobre sua presença neste sábado, devido à intensificação da
crise política e a possível substituição do presidente por Maia no
poder.
Primeiro na linha sucessória do Palácio do Planalto,
Maia poderá assumir interinamente o cargo por até seis meses caso a
Câmara e o STF (Supremo Tribunal Federal) aprovem o recebimento da
denúncia que acusa Temer de corrupção passiva. O afastamento só se dá
após análise da Justiça, mas antes é necessário aval da Câmara por ao
menos 342 votos.
O gesto foi interpretado por aliados de Temer como um
símbolo de lealdade do presidente da Câmara, no momento em que o
presidente perde apoio na base governista e corre o risco de ser
afastado do cargo com a votação da denúncia por corrupção apresentada
contra ele.
Parlamentares de partidos da base do governo, como
PSD, PP, Podemos e DEM já manifestaram apoio ao prosseguimento da
denúncia contra o presidente.
Temer e o presidente da Câmara conversaram a sós na
base aérea por cerca de cinco minutos. Em seguida, juntaram-se a eles
Imbassahy, o ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e
parlamentares.
Maia tem dado declarações públicas em que enfatiza
sua lealdade a Temer. Ele não tem feito movimentos para minar a
sustentação dada ao presidente no Congresso, mas já recebeu em sua casa
dezenas de deputados que participam dessas articulações.
Na Alemanha, na sexta-feira (7), Temer disse que
confia no presidente da Câmara. "Acredito plenamente. Ele só me dá
provas de lealdade", afirmou.
Apesar disso,
discussões sobre como deve ser um governo de transição de Maia já
começaram em partidos da base. O principal consenso é a necessidade de
manutenção da equipe econômica, dos ministros Henrique Meirelles
(Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento) e o comprometimento com as
reformas.