terça-feira, 16 de maio de 2017

Fama, luto e um novo corpo: a virada de Fani Pacheco


Esqueça o “uhuu, Nova Iguaçu”, o triângulo amoroso formado com Diego Alemão e Íris Stefanelli no “BBB 7” e o corpo esculpido na academia. A nova Fani Pacheco está mais madura, consciente da sua importância na sociedade e com uma experiência de vida que vai muito além de uma simples participação em um reality show.

Fato é que dez anos após sua primeira participação no “Big Brother Brasil” (a segunda foi em 2013), Fani ainda segue sob os holofotes sem necessariamente ter uma carreira artística, a exemplo do que ocorre com Sabrina Sato e Grazi Massafera. O segredo, segundo ela, está em sua autenticidade e a identificação do público com sua personalidade.

“Talvez porque eu não seja só um ‘produto’ fabricado pela mídia e, sim, uma pessoa, com uma personalidade marcante por conta da minha história de vida”, justifica. A morte da mãe foi um capítulo doloroso dessa narrativa, e Fani ainda lida com a perda da pessoa mais importante em sua vida. “O fato de subestimar a tristeza profunda que me acompanhava desde o falecimento da minha mãe e forçar para continuar trabalhando por dois anos sem parar me fez ter um ‘tilt’, como uma mensagem de alerta do próprio corpo me avisando que tinha algo errado e doente.”

O “tilt” que Fani se refere é o agravamento de uma depressão diagnosticada aos 22 anos, tratada com terapia e medicamentos. “Depois da morte da minha mãe, além da tristeza, veio o complexo de abandono do meu pai, e as referências que eu tinha sobre felicidade caíram por terra. Fiquei sem motivação para viver por mim mesma. Senti vergonha de mim e por não conseguir saber por onde recomeçar”, confidencia.
Após a perda da mãe, ela enfrentou uma grave depressão e engordou 15 kg (Foto: Arquivo pessoal)
Fundo do poço e o recomeço

Com uma vida artística baseada quase que exclusivamente nos atributos físicos, foi um choque para Fani ver suas formas mudarem durante o tempo em que viveu o luto pela perda da mãe – foram cerca de 15 quilos a mais em nove meses.

“Claro que me incomodei muito de ter engordado. Os rótulos de padrões de beleza são cada vez mais cruéis e tentamos o tempo todo nos encaixar nesses padrões, porque no fundo todos nós seres humanos queremos ser aceitos”, afirma. A reviravolta, no entanto, veio quando ela percebeu que sua força estava na autoestima e não no número da calça jeans que usava. “Fiz um vídeo do meu celular brincando com minha atual realidade de ter engordado e, para minha surpresa, foi muito visualizado e teve muitos comentários de pessoas se identificando.”

Fani ainda criou um canal na internet para falar sobre aceitação (Foto: Arquivo pessoal)
Diante da aceitação, Fani se sentiu motivada a colocar em prática o seu canal no YouTube, que vai abordar, de forma natural e cômica, os desafios e conflitos emocionais de aceitação do seu novo corpo. “O primeiro episódio fala em uma linguagem que tem tudo a ver comigo sobre o pesadelo de estar de dieta”, revela. O vídeo ainda não está no ar, mas já é possível assistir a uma prévia no #FANIQUEBRAOPADRÃO.

“Na maioria das vezes nossos parceiros estão satisfeitos com nossos corpos com curvas, barriga a mais e excessos. Por experiência própria, digo que o autoconhecimento é o único caminho para satisfação pessoal e aceitação da nossa beleza. O tal corpo ‘perfeito’ é uma consequência dessa aceitação emocional de cada um.”