Esqueça o “uhuu, Nova Iguaçu”, o triângulo
amoroso formado com Diego Alemão e Íris Stefanelli no “BBB 7” e o corpo
esculpido na academia. A nova Fani Pacheco está mais
madura, consciente da sua importância na sociedade e com uma experiência
de vida que vai muito além de uma simples participação em um reality
show.
Fato é que dez anos após sua primeira
participação no “Big Brother Brasil” (a segunda foi em 2013), Fani ainda
segue sob os holofotes sem necessariamente ter uma carreira artística, a
exemplo do que ocorre com Sabrina Sato e Grazi Massafera. O segredo,
segundo ela, está em sua autenticidade e a identificação do público com
sua personalidade.
“Talvez porque eu não seja só um
‘produto’ fabricado pela mídia e, sim, uma pessoa, com uma personalidade
marcante por conta da minha história de vida”, justifica. A
morte da mãe foi um capítulo doloroso dessa narrativa, e Fani ainda lida
com a perda da pessoa mais importante em sua vida. “O fato de
subestimar a tristeza profunda que me acompanhava desde o falecimento da
minha mãe e forçar para continuar trabalhando por dois anos sem parar
me fez ter um ‘tilt’, como uma mensagem de alerta do próprio corpo me
avisando que tinha algo errado e doente.”
O “tilt” que Fani se refere é o agravamento de uma depressão
diagnosticada aos 22 anos, tratada com terapia e medicamentos. “Depois
da morte da minha mãe, além da tristeza, veio o complexo de abandono do
meu pai, e as referências que eu tinha sobre felicidade caíram por
terra. Fiquei sem motivação para viver por mim mesma. Senti vergonha de mim e por não conseguir saber por onde recomeçar”, confidencia.
Fundo do poço e o recomeço
Com uma vida artística baseada
quase que exclusivamente nos atributos físicos, foi um choque para Fani
ver suas formas mudarem durante o tempo em que viveu o luto pela perda
da mãe – foram cerca de 15 quilos a mais em nove meses.
“Claro que me incomodei muito de ter engordado. Os
rótulos de padrões de beleza são cada vez mais cruéis e tentamos o
tempo todo nos encaixar nesses padrões, porque no fundo todos nós seres
humanos queremos ser aceitos”, afirma. A reviravolta, no
entanto, veio quando ela percebeu que sua força estava na autoestima e
não no número da calça jeans que usava. “Fiz um vídeo do meu celular
brincando com minha atual realidade de ter engordado e, para minha
surpresa, foi muito visualizado e teve muitos comentários de pessoas se
identificando.”
Diante da aceitação, Fani se
sentiu motivada a colocar em prática o seu canal no YouTube, que vai
abordar, de forma natural e cômica, os desafios e conflitos emocionais
de aceitação do seu novo corpo. “O primeiro episódio fala em
uma linguagem que tem tudo a ver comigo sobre o pesadelo de estar de
dieta”, revela. O vídeo ainda não está no ar, mas já é possível assistir
a uma prévia no #FANIQUEBRAOPADRÃO.
“Na maioria das vezes nossos parceiros estão satisfeitos com nossos corpos com curvas, barriga a mais e excessos. Por experiência própria, digo que o autoconhecimento é o único caminho para satisfação pessoal e aceitação da nossa beleza. O tal corpo ‘perfeito’ é uma consequência dessa aceitação emocional de cada um.”