Pela
primeira vez desde maio do ano passado, parte do território cearense
não apresenta ocorrência de seca. A melhoria alcançou o litoral oeste do
Estado, conforme relatório do Monitor de Secas do Nordeste referente a
abril. Conforme a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
(Funceme), o primeiro trimestre da quadra chuvosa deste ano — que
abrange os meses de fevereiro, março e abril — acumulou, em média, 475,6
milímetros de água.
Raul Fritz, meteorologista da Funceme,
detalhou que a Zona de Convergência Intertropical (ZCI) foi o que
facilitou maior regularidade de chuvas do centro ao litoral do Estado.
Contudo, segundo ele, embora as precipitações da quadra chuvosa — que se
encerra este mês — tenham contribuído para minimizar os impactos da
seca no litoral, elas não foram suficientes para recarregar os
reservatórios e tirar o Estado da situação de alerta.
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Segundo
Fritz, do centro ao sul do Ceará, onde estão localizadas bacias
estratégicas como a do Salgado, do Jaguaribe, do Banabuiú e dos Sertões
de Crateús, as chuvas não foram significativas, fazendo somente com que a
região saísse da situação de seca excepcional (escassez de água nos
reservatórios, perdas de cultura) e migrasse para a de seca grave
(escassez de água comum, restrições impostas). “Não houve ‘veranicos’,
períodos com vários dias sem chuva, então tem regiões mais para o sul do
estado, por exemplo, que tiveram chuvas, mas menos regulares”, explicou
o meteorologista.
Evolução da severidade
“A
situação melhorou bastante em relação ao ano anterior”, comparou a
superintendente adjunta de Operação e Eventos Críticos da Agência
Nacional das Águas (ANA), Ana Paula Fioreze, que trabalha na coordenação
do Monitor. No mapa que mostra a situação do Ceará há 11 meses —
penúltimo registro de território sem ocorrência de seca —, o litoral
cearense estava quase todo caracterizado como região de seca fraca; do
centro ao norte, constavam secas grave e moderada e, do centro ao sul,
secas grave e extrema.
O momento mais crítico, contudo, foi em janeiro
deste ano, antes do início da quadra chuvosa, quando toda a região
centro-sul apresentava seca excepcional. Já do centro ao litoral, neste
período, predominavam secas grave e extrema. O panorama melhorou aos
poucos ao longo da quadra chuvosa.
Nordeste
Assim
como no Ceará, parte do Piauí também teve melhoria e o Maranhão, hoje,
está quase completamente fora do colapso hídrico. A estiagem se agravou,
entretanto, principalmente na região centro-sul do Nordeste brasileiro.
“A bacia do (rio) São Francisco teve o pior período chuvoso e tudo está
se desenhando para ser o pior período de seca, também”, contextualizou
Ana Paula Fioreze.
LUANA SEVERO