quarta-feira, 17 de maio de 2017

Ceará tem área sem seca pela primeira vez em 11 meses

Pela primeira vez desde maio do ano passado, parte do território cearense não apresenta ocorrência de seca. A melhoria alcançou o litoral oeste do Estado, conforme relatório do Monitor de Secas do Nordeste referente a abril. Conforme a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o primeiro trimestre da quadra chuvosa deste ano — que abrange os meses de fevereiro, março e abril — acumulou, em média, 475,6 milímetros de água.

Raul Fritz, meteorologista da Funceme, detalhou que a Zona de Convergência Intertropical (ZCI) foi o que facilitou maior regularidade de chuvas do centro ao litoral do Estado. Contudo, segundo ele, embora as precipitações da quadra chuvosa — que se encerra este mês — tenham contribuído para minimizar os impactos da seca no litoral, elas não foram suficientes para recarregar os reservatórios e tirar o Estado da situação de alerta.
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Segundo Fritz, do centro ao sul do Ceará, onde estão localizadas bacias estratégicas como a do Salgado, do Jaguaribe, do Banabuiú e dos Sertões de Crateús, as chuvas não foram significativas, fazendo somente com que a região saísse da situação de seca excepcional (escassez de água nos reservatórios, perdas de cultura) e migrasse para a de seca grave (escassez de água comum, restrições impostas). “Não houve ‘veranicos’, períodos com vários dias sem chuva, então tem regiões mais para o sul do estado, por exemplo, que tiveram chuvas, mas menos regulares”, explicou o meteorologista.
 
Evolução da severidade

“A situação melhorou bastante em relação ao ano anterior”, comparou a superintendente adjunta de Operação e Eventos Críticos da Agência Nacional das Águas (ANA), Ana Paula Fioreze, que trabalha na coordenação do Monitor. No mapa que mostra a situação do Ceará há 11 meses — penúltimo registro de território sem ocorrência de seca —, o litoral cearense estava quase todo caracterizado como região de seca fraca; do centro ao norte, constavam secas grave e moderada e, do centro ao sul, secas grave e extrema.
 
O momento mais crítico, contudo, foi em janeiro deste ano, antes do início da quadra chuvosa, quando toda a região centro-sul apresentava seca excepcional. Já do centro ao litoral, neste período, predominavam secas grave e extrema. O panorama melhorou aos poucos ao longo da quadra chuvosa. 

Nordeste

Assim como no Ceará, parte do Piauí também teve melhoria e o Maranhão, hoje, está quase completamente fora do colapso hídrico. A estiagem se agravou, entretanto, principalmente na região centro-sul do Nordeste brasileiro. “A bacia do (rio) São Francisco teve o pior período chuvoso e tudo está se desenhando para ser o pior período de seca, também”, contextualizou Ana Paula Fioreze.
LUANA SEVERO