Tão logo Bruno se viu livre, beneficiado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), seu advogado Lúcio Adolfo afirmou que havia pelo menos nove times brasileiros interessados em contratá-lo.
“Agora já são mais de 12. Não posso dizer quais para não atrapalhar a
negociação. Mas ainda neste semestre Bruno estará de volta ao futebol”,
afirmou Lúcio Adolfo ao G1 na última sexta-feira.
Embora não tenha dito ao G1
quais os times estariam supostamente negociando a contratação de Bruno,
Adolfo anunciou em entrevistas a outros veículos que um destes times
seria o Bangu. Sem nomear os demais, afirmou que três são do Rio de
Janeiro, dois de São Paulo, um de Brasília, e três de Minas Gerais e que
pelo menos três destes disputam a série A do Campeonato Brasileiro.
O abaixo-assinado realizado pelos torcedores do Bangu é direcionado à
diretoria do clube. O grupo chama de “esdrúxula” a ideia de contratar
Bruno e qualifica como “absurdo sequer imaginar um assassino condenado
pela morte, com requintes de crueldade e frieza, de sua ex‐namorada e
mãe do seu filho”. Lançado na sexta-feira (3), o documento virtual
estava assinado por 226 pessoas até a manhã desta segunda-feira (6).
Ao Jornal Extra,
o diretor executivo do Bangu e sócio da Vivyd Capital, empresa do
mercado financeiro que cuida da gestão do clube, Luiz Henrique Lessa,
repudiou a história, afirmando se tratar de um “factoide” e garantindo
que “não existe a mínima hipótese de contar com ele no elenco”.
Em time algum
Outra petição online tinha adesão muito superior à lançada pelos
torcedores do Bangu. Até as 9h45 desta segunda-feira, 14,9 mil pessoas
apoiavam o manifesto divulgado pelo movimento Somos Todos Vítimas
Unidas. Direcionado a todos os dirigentes de times de futebol
brasileiros, o abaixo-assinado enfatiza a gravidade dos crimes pelos
quais Bruno foi condenado.
“Jogadores são considerados ídolos e esse tipo de exemplo não podemos
aceitar para nossos filhos. Exigimos uma postura ética e moral e não
somente populista por parte dos dirigentes dos clubes”, destaca a
petição.
O movimento Somos Todos Vítimas Unidas ressaltou acreditar na
regeneração de criminosos “quando estes mostram realmente que,
aprenderam na cadeia o que é viver em sociedade”. Para o grupo, Bruno
não demonstra arrependimento pelo crime do qual foi mentor, uma vez que
nega à família de Eliza Samudio o direito de enterrá-la, já que até hoje
ele não revelou o paradeiro do corpo.
Em uma de suas primeiras declarações ao deixar a cadeia, Bruno afirmou
que “Independente do tempo que eu fiquei [preso] também, eu queria
deixar bem claro, se eu ficasse lá, tivesse prisão perpétua, por
exemplo, no Brasil, não ia trazer a vítima de volta".
Eliza Samudio desapareceu em 2010. O corpo dela nunca foi achado. Ela
tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem
foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não
reconhecia a paternidade da criança.
Bruno foi condenado pela Justiça de Minas,
em março de 2013, a 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio
triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que
dificultou a defesa da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime
aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses
por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi
considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.