Em caso raro, a britânica Phoebee Bambury, de 19 anos, quase morreu após contrair a Síndrome do Choque Tóxico (SCT), causada pelo uso de um absorvente interno. A jovem contou à rede BBC que deu entrada no hospital após reconhecer os sintomas – febre, enxaqueca, dores musculares e vômitos – da contaminação grave causada por bactérias.
A SCT é causada por bactérias que liberam toxinas letais no organismo e caso não seja rapidamente tratada pode culminar em insuficiência renal aguda e até mesmo em morte. Embora
possa ser provocada por vários fatores, ela geralmente está associada
ao uso de absorventes internos por longos períodos. Tanto que é possível
encontrar a descrição dos sintomas da doença em algumas embalagens
desses produtos. As marcas também alertam sobre o período máximo de
utilização de cada absorvente, que costuma ser de oito horas. No
entanto, a jovem afirma que não ultrapassou o tempo limite.
De acordo com a ginecologista Rita Dardes, a forte
relação entre a síndrome e o uso de absorventes internos acontece devido
ao acúmulo de sangue menstrual associado à composição dos absorventes internos que favorece a proliferação da bactéria. No
entanto, a médica reforça que atualmente os casos de SCT devido ao uso
de absorventes internos são pouco prováveis pois o material dos
absorventes está menos sintético. Mas ressalta que o risco existe,
principalmente se a mulher usar o mesmo absorvente por mais de oito
horas seguidas. “A troca deve ocorrer no intervalo de duas a quatro
horas para evitar o surgimento de fungos e bactérias. Quem tem fluxo intenso deve trocar o absorvente com mais frequência.”, diz.
O coletor menstrual, que tem se popularizado no Brasil, é
uma alternativa ao absorvente interno livre do risco de SCT, segundo a
especialista. Entretanto, mesmo neste caso há um tempo máximo de uso
recomendado: 12 horas seguidas.
Identificação dos sintomas
Phoebe contou à BBC que estava na casa de seu
namorado quando percebeu os primeiros sinais. A doença se desenvolve de
forma acelerada, então sua atenção foi fundamental para o tratamento
imediato da doença .”A princípio, achei que estava com um mal-estar e
que me sentiria assim por alguns dias. Você não quer pensar ‘estou tendo
um choque tóxico’, mas suspeitei de que esses eram os sintomas, eu
precisava checar isso. Tinha todos os sintomas; por isso, telefonei ao
serviço de emergência e me disseram que deveria ir ao
hospital imediatamente.”, disse a jovem à BBC.
Ao chegar no local, a jovem foi posta no soro e a equipe
médica colocou um ventilador a seu lado para tentar reduzir sua
temperatura corporal. Os médicos confirmaram, então, que o absorvente
que a jovem usada havia provocado a síndrome.
“A mãe de um amigo morreu por choque tóxico, por isso sempre
fiquei alerta”, explicou Phoebe, que também havia estudado Farmácia e
já conhecia a enfermidade.
Alerta a outras mulheres
Desde que deixou o hospital, há três semanas, Phoebe vem se
dedicando a alertar outras mulheres sobre a doença. Ela inclusive já deu
diversas palestras em sua universidade.”Acredito que deveríamos falar
mais sobre essa síndrome como parte da educação sexual e das conversas
sobre o uso de absorventes e preservativos. É impossível para muitas
mulheres deixar de usar absorventes, por isso elas precisam ter ainda
mais cautela.”, destaca a jovem.
Casos raros
Apesar do caso de Phoebe, a contaminação pela doença é
extremamente rara. No Reino Unido, em média, 40 pessoas são
diagnosticadas por ano com a doença, das quais apenas duas são fatais.
No Brasil, de acordo com informações do Hospital Albert Einstein, são
menos de 15.000 casos por ano e os fatores de risco incluem cirurgia
recente, feridas abertas e uso de absorventes internos.