“Amigo próximo” de Michel Temer (PMDB), o correligionário Eunício Oliveira
é o segundo cearense a alcançar a presidência do Senado e, por
consequência, do Congresso Nacional. Eleito com 61 votos contra 10 votos
de José Medeiros (PSD-MT), em pleito realizado por meio de urna
eletrônica, Eunício teve o apoio de partidos da base aliada e até da
oposição ao Governo Federal, como o PT.
Quem chegou ao cargo antes de Eunício aqui no Estado foi o ex-senador
Mauro Benevides, que comandou a Casa entre 1991 e 1993. O cearense
chegou a ter papel decisivo no impeachment do então presidente da
República Fernando Collor de Mello, instaurando o processo no Senado com
grande celeridade.
Eunício, por sua vez, foi um dos senadores cearenses que votaram a
favor do impedimento de Dilma Rousseff (PT), junto com Tasso Jereissati
(PSDB). Ex-aliado do PT, ele chegou a ser ministro das Comunicações no
governo de Lula, em 2004.
Carreira política
Nascido em Lavras da Mangabeira, no interior do Estado, o senador de
64 anos ingressou na carreira política quando foi eleito pela primeira
vez, em 1998, a deputado federal.
Presidente do PMDB do Ceará desde aquele ano, foi o parlamentar do
PMDB mais votado, embora fosse a primeira vez que concorresse a cargo
eletivo. Foi reeleito na Câmara duas vezes, chegando ao posto de líder
do PMDB na Casa em 2006.
Em 2010, foi eleito para o Senado. Neste primeiro mandato, ocupou a
presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), uma das mais
importantes da Casa, e a liderança da bancada.
Aliado de Michel Temer, foi o relator da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) do teto de gastos, duramente criticada por opositores
de Temer.
Delação
Embora não haja nenhum processo no Superior Tribunal Federal (STF)
contra Eunício, ele foi citado na delação de Cláudio Mello Filho, um dos
funcionários da Odebrecht. Segundo Filho, o senador teria recebido R$
2,1 milhões em propina.
Em 2016, outro delator da Lava Jato também citou o nome de Eunício,
acusando-o de receber R$ 5 milhões para sua campanha ao Governo do
Estado em 2014 por meio de contratos falsos. O senador, no entanto, diz
que nunca recebeu propinas nem doações ilegais.
Negócios
Segundo senador mais rico do País, perdendo apenas para Tasso,
Eunício declarou patrimônio de R$ 99 milhões na eleição de 2014, quando
disputou e perdeu o Governo do Ceará para Camilo Santana (PT). Na
eleição para o Senado em 2010, o patrimônio declarado era de R$ 36,7
milhões.
Eunício é dono da Remmo Participações, grupo de seis empresas que
prestam serviços de segurança eletrônica, transporte de valores e táxi
aéreo. Entre os clientes, estão inclusive órgãos públicos federais. Ele
também é proprietário da Fazenda Santa Mônica, que fica entre Corumbá de
Goiás e Alexânia, municípios do interior de Goiás.
Ex-aliados
Formando hoje grupo de oposição no Estado aos Ferreira Gomes, Eunício
já foi aliado do ex-governador Cid Gomes (PDT) como também da deputada
federal Luizianne Lins (PT), outra atual inimizade.
A briga com Cid aconteceu no final do prazo para a definição das
candidaturas ao Governo do Estado, em julho de 2014. Então governador, o
irmão de Ciro Gomes decidiu lançar o nome de Camilo em vez de apoiar
Eunício para a disputa.
Em 2012, ele já havia rompido com Luizianne, em consequência da briga
entre ela e Cid antes do pleito para a Prefeitura de Fortaleza. Eunício
chegou a atuar na campanha do prefeito Roberto Cláudio (então no PSB),
que fazia frente à candidatura de Elmano de Freitas, apoiado por
Luizianne.
Já no ano passado, Eunício apoiou o deputado estadual Capitão Wagner
(PR) para o cargo, disputando contra RC. Atualmente aliado de Tasso,
eles já haviam rompido em outro momento, em 2010, também antes das
eleições.