Detentos da PAMC (Penitenciária Agrícola de Monte Cristo), na zona
rural de Boa Vista (RR), iniciaram um tumulto no final da tarde deste
domingo (22) após uma revista ter sido iniciada nas celas da Ala 15. A
agitação aconteceu um pouco mais de duas semanas após um massacre que
matou 33 presos na unidade prisional, causado por briga de facções.
Segundo a Sejuc (Secretaria de Justiça e Cidadania), o tumulto começou
por volta das 17h30, quando policiais militares e agentes penitenciários
iniciaram uma revista dentro da Ala 15, o que teria provocado gritaria
entre os detentos.
Eles atiram água fervente, pedras e pedaços
de paus nos agentes. As equipes do GIT (Grupo de Intervenção Tática), da
Sejuc, do GRR (Grupo de Resposta Rápida) e do Bope (Batalhão de
Operações Especiais), da Polícia Militar, foram chamadas, entraram no
local e, segundo nota da secretaria, fizeram "uso progressivo da força"
para controlar a situação.
Na ação, 70% da ala ficou destruída. Por isso, os presos foram remanejados para outra ala.
Alguns dos detentos ficaram feridos e precisaram ser atendidos pelo
Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) e Corpo de Bombeiros.
Ainda segundo a Sejuc, nenhuma fuga foi registrada. Não houve mortes.
Por causa do tumulto, as visitas do próximo fim de semana foram
canceladas. A medida também visa a conclusão das obras na ala que ficou
destruída parcialmente pelos detentos.
Massacre
Trinta e três presos foram mortos no dia 6 de janeiro na PAMC (Penitenciária Agrícola de Monte Cristo),
a maior penitenciária de Roraima, durante uma briga de facções. O caso
envolveu presos ligados ao Comando Vermelho e ao PCC (Primeiro Comando
da Capital), facção mais numerosa na penitenciária, após alguns deles
quebrarem cadeados e invadirem a ala onde ficavam homens de menor
periculosidade. A maior parte das vítimas foi decapitada.
Segundo a Sejuc, havia 1.475 presos na unidade quando o massacre aconteceu --a capacidade é para 750 detentos.
Foi o terceiro pior massacre já ocorrido dentro de uma unidade prisional na história do país e aconteceu quatro dias depois de 56 presos serem mortos no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus.
O pior deles foi em 1992, quando uma ação policial terminou com 111
presos mortos no caso que ficou internacionalmente conhecido como massacre do Carandiru, em São Paulo.