O que o cearense mais quer, especialmente o sertanejo, é a reversão do
quadro de seca que atinge o Estado há cinco anos. As previsões mais
otimistas estimam a possibilidade do retorno das chuvas em sua
normalidade nos primeiros meses de 2017, em decorrência da atuação do
fenômeno La Niña no oceano Pacífico e da atuação da Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT), que favorece a incidência de chuvas no Nordeste.
As considerações são da Somar Meteorologia, empresa privada que atua no
segmento de meteorologia, oceanografia e meio ambiente. Levantamento da
instituição, com base no último boletim da NOAA (órgão americano de
meteorologia e oceanografia), aponta que a atmosfera do Oceano Pacífico
influenciada por resfriamento, o que indica a ocorrência do fenômeno La
Niña, deve continuar, acabando a partir do primeiro trimestre de 2017.
Segundo ressalta Maria Clara Faffaki, meteorologista do órgão, a
incidência do La Niña, aliado ao afastamento do fenômeno El Nino, pode
resultar em chuvas dentro da normalidade a partir dos meses de janeiro e
fevereiro.
"A gente já está com a atuação do La Niña e a expectativa é que se estenda até o começo do ano que vem. Além disso, já para março de 2017, acontece o retorno da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). A chuva vai voltando aos poucos de forma irregular agora em dezembro e a normalização pode acontecer a partir de janeiro", afirma.
Cautela
A Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) pede cautela e reafirma o
quadro de indefinição da próxima quadra chuvosa. Segundo o
meteorologista Raul Fritz, o que há de concreto é o fato do La Niña
estar em fraca intensidade, próximo da neutralidade. "Todas as previsões
que temos consultado estão indicando o que a gente vinha anunciando,
que é mais provável que a La Niña se dissipe por meados de fevereiro até
início de março, e é isso preocupa".
Segundo Fritz, o fenômeno só tem influência na incidência de chuvas no
Estado se aparecer de fevereiro a maio. A maior esperança de
precipitações, segundo ressalta, está na ZCIT, que depende das condições
do Oceano Atlântico, mas também segue em quadro indefinido. "É preciso
que haja uma diferença de temperatura da superfície do mar entre a parte
sul, abaixo do Equador, e a parte acima do Equador. Agora nós temos
aquecimento tanto acima quanto abaixo do Equador, mas isso pode mudar.
Por isso, a gente espera até o início do ano que é quando a gente começa
a ver uma definição desse padrão".
Durante a realização do Fórum Cearense dos Comitês de Bacias
Hidrográficas do Ceará, na tarde de hoje, o presidente da Funceme,
Eduardo Sávio, apresentará a tendência para a próxima quadra chuvosa. Já
o prognóstico oficial sai em fevereiro.