Ainda que o golpe de Estado, em curso no país, sinalize para uma
possível eleição indireta para a Presidência da República, no início do
ano que vem, os candidatos às eleições de 2018 mantêm-se em movimento.
Na noite passada, durante palestra a alunos da Universidade de Brasília
(UNB), o presidenciável pelo PDT, o ex-governador e ex-ministro Ciro
Gomes (PDT) afirmou que uma possível candidatura do ex-presidente para
as eleições de 2018 seria um “desserviço” para o país.
— Lula é muito forte, muito popular. Mas acho que ele prestará um
desserviço ao país e a ele próprio. Na melhor hipótese, ele ganha.
Porém, ganharia confrontando de uma forma odienta essa radicalização que
se instalou no Brasil a ponto de firmar um golpe de estado em que tem
ele como eixo — disse Ciro.
Segundo o possível candidato, Lula deve abrir espaço para um “projeto novo”.
— Ele deve por a sua liderança e o peso de sua história para dar
passagem a um projeto novo, que experimente outros dizeres, outras
relações, outra psicologia coletiva e não ficar se defendendo em um
gueto moralista da delegacia de polícia que se transformou a política
brasileira — deseja.
Sobre o presidente Michel Temer, Ciro Gomes o classificou como um “apavorado” por conta das relações internas que construiu.
— Ele é um apavorado. E não é para menos. Ele é um traidor que está
aí porque usurpou o poder. Eu conheço de longa data todo o entorno dele.
Eliseu Padilha, Moreira Franco, Geddel, Jucá, Eunício, Eduardo Cunha,
são todos da mesma laia — acusa.
Ninho tucano
Se Lula é um empecilho para Ciro, torna-se um pesadelo para os
tucanos. No final de seu quarto mandado como governador de Goiás, o
governador Marconi Perillo tenta alçar um plano maior. Diante da briga
no ninho tucano entre os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP),
Perillo quer voar para longe. Enquanto Ciro falava na UNB, Marconi e o
governador Geraldo Alckmin acertaram, no trajeto entre o Palácio do
Planalto e o Aeroporto da capital federal, uma espécie de pacto para
2018.
Ambos defendem as prévias no PSDB para escolha do nome do partido
para a próxima corrida à Presidência da República. Os planos de Alckmin e
Perillo preveem uma união para isolar os concorrentes. A conversa entre
os governadores de São Paulo e Goiás aconteceu depois da grande reunião
dos governadores com o presidente Michel Temer. Perillo deu carona ao
colega paulista do Planalto ao aeroporto de Brasília, num trajeto de 20
minutos, sem testemunhas no carro do goiano.
O diálogo rendeu porque Alckmin acabou convidando Marconi para viajar
juntos até São Paulo. O político goiano cumpre agenda, nestas quarta e
quinta-feiras, na capital paulista. Alckmin e Marconi saíram vitoriosos
da eleição municipal deste ano. Em São Paulo, Geraldo Alckmin bancou o
empresário João Doria. Ele venceu no primeiro turno, e conquistou o
chamado cinturão petista, antes dominado pelo PT, na região do ABC.
Marconi, por sua vez, viu o PSDB fazer 77 prefeitos em Goiás, sendo o
partido com o maior número de prefeituras.