Entre 2004 e 2014 o Ceará registrou 29.608 homicídios.
São registros crescentes ano a ano que culminaram com 4.620 mortes
violentas somente no último período avaliado pelo Atlas da Violência 2016,
divulgado na manhã desta terça-feira (22), o que corresponde a 12,66
assassinatos por dia somente em 2014. Dez anos antes, foram 1.576. Ou
seja, os números praticamente triplicaram em uma década.
Em números absolutos, houve um crescimento de 193,1% na taxa de
homicídios no período. Considerando-se a proporção por 100 mil
habitantes, o aumento no Estado é de 166,5% entre o primeiro e o último
ano apontado no levantamento. Foram 52,2 mortes/100 mil habitantes em
2014, contra 19,6 em 2004.
Entretanto, a pesquisa não abrange o ano de 2015, quando houve a primeira diminuição no número de homicídios em 17 anos. Pelos dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS-CE), os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs),
que englobam homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de
morte, fizeram 4.019 vítimas no ano passado em todo o Ceará, número 9,5%
inferior ao contabilizado em 2014, quando houve 4.439 registros
oficiais do governo estadual.
Fortaleza é a segunda microrregião com mais homicídios no País
Entre as microrregiões do País, Fortaleza apresenta a segunda maior taxa de homicídios considerando a análise Baysiana
por 100 mil habitantes, médias ponderadas que levam em conta a
incidência de homicídios nas localidades vizinhas. Para a população
considerada de 3.533.255 pessoas, a taxa é de 81,1.
A mais violenta é a aglomeração urbana de São Luís, no Maranhão (84,9).
Depois de Fortaleza, outra microrregião do Ceará ocupa a terceira
posição. Pacajus, com 129.680 habitantes, tem taxa de 80,6 homicídios por 100 mil habitantes. A região do Baixo Jaguaribe ocupa a 12ª posição do ranking, com população de 324.771 pessoas e taxa 66,4.
O atlas critica ainda a falta de informações do Sistema de Informação
sobre Mortalidade (SIM) sobre mortes causadas por agentes de segurança.
No período avaliado, há apenas 8 registros no Ceará. Já em outras
fontes, somente em 2014 foram 53 casos relatados.
O relatório foi criado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), baseado principalmente nos dados do SIM, do Ministério da Saúde. Também foram utilizados dados do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do FBSP.
A reportagem entrou em contato com a SSPDS-CE. Entretanto, até a publicação da matéria a secretaria não se manifestou.