A presidente Dilma Rousseff disse ao jornal "O Estado de S. Paulo" que não ficou "nem um pouco" chateada, constrangida ou com raiva das vaias que recebeu da oposição nessa terça-feira (2) no plenário do Congresso, enquanto fazia discurso saudando os parlamentares e apresentando as propostas do governo para 2016.
"Com raiva? Nãaaaooo. De jeito nenhum", disse a presidente, sem esboçar
nenhum tipo de preocupação, antes de embarcar para Indaiatuba (SP),
onde entrega, nesta quarta-feira, 3, novas unidades do programa Minha
Casa, Minha Vida.
"É assim mesmo. Na democracia é assim. É do
jogo democrático. Não me incomodei", emendou, explicando que isso "não
tem problema". As vaias mais fortes do plenário foram dadas quando a
presidente defendeu a necessidade de recriação da CPMF para enfrentar
este momento de crise econômica.
Zika
Dilma
ressalvou, no entanto, que só fez questão de se posicionar quando a
deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) insistiu, questionando, aos gritos, o
que ia ser feito com as crianças vítimas do zika vírus. "Dei uma
explicação a ela. Nesse ponto nós estamos muito avançados. Descobrimos a
doença em outubro, fizemos muitos testes e exames e, em um mês,
constatamos que era por causa do mosquito e começamos a agir",
justificou.
Ela lembrou que a Organização Mundial de Saúde (OMS)
declarou a microcefalia como emergência internacional, mas evitou
incluir o vírus no mesmo alerta, alegando falta de provas de uma relação
comprovada entre os dois fenômenos. "Mas nós fizemos muitos exames e
estudos", comentou, reiterando a sua convicção da relação do zika com a
microcefalia.
A presidente falou muito da sua preocupação com o
zika vírus, e com o aumento dos casos não só no Brasil, como em outros
países do mundo. Dados divulgados nessa terça-feira pelo Ministério da
Saúde apontam que o número de casos confirmados de microcefalia subiu
quase 50% no País em uma semana, passando de 270 para 404.
Dilma, que fará pronunciamento em cadeia de rádio e TV hoje à noite para alertar para os perigos do Aedes aegypti, reiterou a necessidade de todos se empenharem no combate ao criadouro do mosquito.
Ao ouvir que a imprensa internacional estava noticiando ontem que no
Texas, no Estados Unidos, se falava em contágio sexual da doença, a
presidente se surpreendeu. "Não é possível. Pelo menos que eu saiba",
comentou, lembrando que para isso acontecer precisava do transmissor.
A presidente, que ontem terminou o dia em uma sessão de cinema no
Palácio do Alvorada assistindo ao longa "O Menino e o Mundo", do
cineasta Alê Abreu, indicada ao Oscar 2016, teceu muitos elogios ao
filme de animação. "Adorei o filme", afirmou ela, acrescentando que o
cineasta "é muito talentoso".
Dilma elogiou ainda a trilha
sonora do filme, que conta a história de um menino que deixa a aldeia
onde vive em busca do seu pai. "Vale a pena assistir", recomendou a
presidente.