Assim como já aconteceu
em outras oportunidades, a seleção da Eritreia, país a nordeste da
África, entrou com pedido formal para tentar asilo político em Botsuana,
após disputar um amistoso contra a seleção local na última terça-feira.
País de política autoritária e unipartidária, a Eritreia obriga os
cidadãos a prestarem serviços militares por, ao menos, 18 meses, o que é
a principal motivação para o êxodo populacional.
Submetidos ao serviço militar
obrigatório, dez jogadores da seleção da Eritreia se negaram a retornar
ao país de origem, que desde 1993 é comandado de forma absoluta pela
figura de Issaias Afeworki, uma espécie de déspota que dita as regras no
país a mais de duas décadas. Assim, permaneceram em Francistown, cidade
ao leste de Botsuana, com o conhecimento da Federação de Futebol da
Botsuana e de uma ONG em prol dos direitos humanos.
A ativista Abane Ghebremestel, do
Movimento Eritreu pela Democracia e pelos Direitos Humanos, com sede em
Pretória, na África do Sul, confirmou o pedido de asilo e explicou os
próximos processos. “Dez jogadores se negaram a embarcar no avião,
alegando asilo político, e foram detidos para serem interrogados. Caso
sejam enviados de volta à Eritreia, serão acusados de traição e podem
ser executados ou detidos de forma perpétua”, declarou.
O presidente da Federação
nacional de futebol, Basadi Akoonyatse, mostrou-se ciente da
manifestação dos migrantes e, ao menos por enquanto, decidiu-se de forma
favorável à investigação do caso. Em 2012, 18 atletas eritreus pediram
asilo em Uganda; dois anos antes, 12 jogadores encontraram uma nova vida
no Quênia.