Água é armazenada e carregada em vasilhames por moradores de Crateús (Foto: Roidrigo Carvalho/O Povo)
Através da assessoria de imprensa, a SRH informou que até a próxima semana serão perfurados três poços na área para testes de vazão e confirmação da expectativa.
O montante de água é equivalente a 1 milhão de carros-pipa (com capacidade média de 20 metros cúbicos) ou 8 mil piscinas olímpicas (que comportam cada 2.500 metros cúbicos de água). A secretaria indicou que, uma vez confirmado, serão feitas obras para ligar o reservatório à Estação de Tratamento de Água e, assim, abastecer o município. A SRH informa que está realizando estudos em todo o Estado à procura de indícios de água subterrânea e que teria encontrado, além do de Crateús, outro reservatório em uma cidade do Sertão Central não informada.
Expectativa
Na língua dos índios tapuias, Crateús significa terra muito seca. Atualmente, a sede do município é abastecida com água do açude Batalhão, mas vive racionamento e tem um sistema de rodízio de dias entre os bairros. De acordo com a SRH, o açude pode suprir a necessidade de água da cidade até o fim do ano. Depois, será preciso recorrer à adutora de 150 quilômetros que liga o açude Araras a Crateús. Na zona rural, a situação é mais grave e carros-pipa levam água para a população duas ou três vezes por semana.
Ontem, muito cedo, o operador de som Robervânio Cipriano, 24, pelo celular, já recebia com alento a notícia do reservatório subterrâneo de água bem embaixo de sua cidade. “A expectativa que temos por aqui é que isso ajude a não repetir o que vivemos ano passado. Em outubro, Crateús ficou completamente sem água e permaneceu assim uns quatro meses”, lembra.
Sem ter podido plantar os costumeiros jerimum e melancia, a agricultora Maria de Fátima Marques, 51, conta que, este ano, conseguiu tirar apenas um pouco de milho e feijão do roçado. Para ela, o reservatório é visto como uma “dádiva”. “São seis anos de muita seca aqui. Essa água seria uma benção, uma notícia boa depois de tanto sufoco”, projeta. O desejo compartilhado por Robervânio e dona Maria é de que a água da reserva encontrada chegue logo às torneiras.
O geólogo pesquisador de águas subterrâneas Francisco Said Gonçalves, porém, alerta que o uso do reservatório deverá ser feito sendo observado o equilíbrio geo-hídrico da região. “São muitos anos para que se forme esse acumulado relevante de água. É preciso que se retire para o abastecimento da população, considerando o poder de reabastecimento”, pondera.
Fonte: O Povo